Candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad negou, em entrevista ao Jornal da Globo, na noite dessa quarta-feira, 19, que tenha elaborado o “Dívida Zero” a partir do plano “Nome Limpo”, do também presidenciável Ciro Gomes (PDT). Ambos têm o objetivo de “limpar o nome” de cidadãos endividados.
“Para nossa sorte, o nosso programa, antes do registro no TSE [Tribunal Superior Eleitoral], vazou para a Folha de São Paulo (…). [Foi] antes de Ciro sequer mencionar esse programa”, defendeu-se. Haddad disse que ambos focaram no problema da inadimplência, mas ponderou que as propostas são diferentes.
“Ciro não tocou numa reforma bancária. Ele resolveu um problema tópico, que não vai resolver no médio e longo prazo o problema do juro alto para o Brasil. Você vai tirar pessoas do SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], elas vão voltar depois de um ano, porque o problema estrutural não terá sido resolvido”, comparou.
O petista detalhou que sua proposta inclui uma “reforma bancária”, que conta com “fintechs, cooperativas de crédito, estímulos para redução de spread e punição para quem aumentar o spread”.
Papel de Lula na candidatura
“Em que a figura de Lula se diferencia dos caciques regionais de outros partidos? Por que nenhum deles manda tanto quanto o presidente Lula”, afirmou Lo Prete. A pergunta da âncora do jornal foi respondida pelo candidato que “Lula é a pessoa que mais ouve no partido”.
O candidato também negou que seu rápido crescimento nas últimas pesquisas eleitorais tenha ocorrido somente por causa do apoio do ex-presidente Lula, mas admitiu a importância da liderança do ex-presidente. “Se isso fosse verdade, se o Lula colocasse o dedo e tudo se resolvesse, nós estaríamos elegendo 27 governadores e 3 mil prefeitos. Não é o que acontece”, minimizou Haddad.
Na pesquisa Ibope publicada na terça, 18, Haddad cresceu 11 pontos percentuais em uma semana e está isolado em segundo lugar com 19%. No Datafolha publicado nessa quarta, ele contabiliza 16% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com Ciro.
Crítica ao Teto de Gastos
Haddad também se posicionou claramente contra a emenda constitucional que congela os gastos por 20 anos. “Não vejo o teto de gastos como uma medida saudável para o Brasil. Você congelar por 20 anos o tamanho do Estado, e se a economia crescer, isso vai colapsar os serviços públicos no Brasil como já está acontecendo”.
Ele comparou a situação do Brasil com a de outros países em crise. “Não existe nenhum lugar do mundo que tenha aplicado essa medida. Nem a Grécia, no auge da crise, aplicou essa medida. A Argentina agora está no FMI e não estão impondo essa medida sequer para a Argentina tomar empréstimo. Não é uma medida inteligente”.
Segurança Pública e a Constituição de 1988
Questionado sobre o aumento da violência nas regiões Norte e Nordeste durante os governos do PT, Haddad respondeu que, como cresceu a renda da população, as facções do Sudeste foram a esses regiões em busca do mercado consumidor de armas e drogas. Ele atribuiu a responsabilidade também a supostas limitações da Carta Magna de 1988.
“O capítulo da Segurança Pública é o menos inovador da nossa Constituição”, avaliou, ponderando que é preciso “repactuar” os interesses corporativos envolvidos. Ainda sobre a segurança, ele expôs uma proposta que aumenta a responsabilidade tanto de prefeitos quanto das forças federais sobre o problema, “porque o crime se nacionalizou”.
Com informações do Portal Uol Notícias