Em entrevista, nesse domingo, 2, ao apresentador José Luiz Datena do programa “Agora É Domingo” da TV Bandeirantes, o presidente Michel Temer (MDB) disse que o crescimento da candidatura presidencial do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) é um fenômeno real. Temer disse também que não está chateado com seu ex-ministro da Fazenda e candidato ao Palácio do Planalto, Henrique Meirelles (MDB), por “escondê-lo” durante a campanha eleitoral.

“Eu não fico não, viu”, respondeu Temer ao ser questionado se estava chateado com Meirelles. “Quem está na vida pública tem que ficar um pouco acima dos acontecimentos. Chega nesse período eleitoral, como a imprensa bateu muito em mim ultimamente, ele diz não ‘vou falar no Temer'”, avaliou o presidente. “E ele tem falado muito do meu governo, confunde um pouco porque ele menciona a participação dele no governo do Lula [Meirelles foi presidente do Banco Central durante o governo do petista], mas também fala do seu trabalho no meu governo.”

No programa eleitoral na TV, Meirelles “mistura” sua participação nos governos dos dois presidentes, com o argumento de campanha de que seja de um espectro ideológico ou de outro, quando precisa resolver o presidente “chama o Meirelles”.

Sobre Bolsonaro, apesar de afirmar que trata-se de um “fenômeno real”, Temer diz acreditar que o quadro eleitoral ainda está muito indefinido. “A meu ver, as pesquisas [de intenção de voto] vão ter significado a partir do dia 15 ou 20 de setembro, com o quadro mais cristalizado”.

Ainda falando sobre as eleições, Temer disse acreditar que o ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde abril na Operação Lava Jato, tem capacidade de transferir votos para seu vice e provável substituto na chapa do PT, Fernando Haddad. “Eu acho que Lula é capaz de transferir votos sim, só não sei se tantos votos [quanto os que o ex-presidente possui; na última pesquisa Datafolha é o líder da corrida eleitoral com 39% das intenções de voto], as pesquisas dizem que não.”

O presidente garantiu ainda que ajudará na transição do cargo. “Não tenha dúvida, vou colocar todo o aparelho governamental para ajudar na transição, seja quem for o eleito”. Temer aproveitou a entrevista para fazer um desabafo. “A política realmente é muita injusta, você vê as inúmeras injustiças praticadas contra meu governo. Mas sabemos a natureza política destas críticas”, afirmou.

Alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) congeladas em votação no Congresso e investigado em inquérito da PF por suspeitas de corrupção, Temer reafirmou que é inocente e vítima de um complô. “As denúncias são pífias. Eu sou da área jurídica e conheço um pouco do assunto. Examinei aquelas denúncias e elas têm um significado muito mais político do que jurídico. Tenho certeza que o judiciário, quando for analisar, vai ver a tibieza delas”, afirmou.

Questionado sobre a imagem que gostaria de deixar para a História, o presidente desconversou e disse que está mais preocupado com a história recente, onde espera ver reconhecidos os feitos de seu governo. “Você sabe como nós pegamos o país”, afirmou, ao explicar que a situação melhorou muito.

Sobre a crise humanitária com os refugiados venezuelanos na fronteira em Roraima, o presidente negou que tenha intenção de fechar a fronteira. “Jamais deixaremos a fronteira fechada, por aspectos humanitários até”, disse ao explicar que sua fala durante a semana, de que pensava-se em um esquema de distribuição de senhas para os venezuelanos entraram no Brasil, era só para organizar melhor a fronteira, sem restrição de acesso.

Com informações do Portal Uol Notícias