O primeiro dia como presidente eleito foi intenso para Jair Bolsonaro (PSL). O futuro chefe do Executivo brasileiro se submeteu a uma maratona de entrevistas num intervalo de menos de duas horas. Bolsonaro apareceu nas cinco principais emissoras de TV aberta do País. No total, falou por cerca de 90 minutos em conversas ao vivo com a Record (33 minutos), SBT (8) e Globo (12), e gravadas com Band (28) e RedeTV! (7).
A Record não foi apenas a que teve direito a mais tempo. Teve o privilégio de ser a primeira a falar com Bolsonaro e foi a única a receber elogios do presidente eleito. “Parabéns pela votação e obrigado por me receber mais uma vez. Boa noite, presidente”, disse o repórter Eduardo Ribeiro. “Boa noite. Eu que agradeço o jornalismo isento da Record”, respondeu.
Foi na entrevista com a Record que Bolsonaro falou abertamente da intenção de “privatizar ou extinguir” a TV Brasil, “uma TV que tem traço de audiência”. Falou também do custo anual de cerca de R$ 1 bilhão do canal público, que pertence à EBC, criado em 2007. Durante a campanha eleitoral, Geraldo Alckmin (PSDB) mencionou intenção semelhante, falando em eliminar a “TV do Lula”.
Já a entrevista à TV Globo teve como um de seus assuntos principais a “Folha“. Por dois minutos, Bolsonaro e William Bonner falaram sobre o jornal. O apresentador do JN quis saber: “O senhor vai continua defendendo a liberdade da imprensa e a liberdade do cidadão de escolher o que ele quiser ler, ver ou ouvir?”. O presidente eleito disse: “Sou totalmente favorável à liberdade de imprensa. Temos a questão da propaganda oficial do governo, que é outra coisa”.
Disse, então, que precisava fazer justiça a uma funcionária do seu gabinete apontada pela Folha como funcionária fantasma em uma reportagem. “Não quero que ela [a Folha de São Paulo] acabe, mas no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal”, disse. Bonner insistiu: “Então, o senhor não quer que este jornal acabe? O senhor está deixando isso claro agora.”
A questão deu oportunidade para um novo ataque de Bolsonaro: “Por si só, este jornal se acabou”. E acusou a “Folha” de ter divulgado “fake news” contra ele durante a campanha eleitoral. De improviso, Bonner disse que, mesmo considerando ter, em certos momentos, consideradas injustas críticas feitas pelo jornal ao JN, respeita a “Folha”.
“Para ser justo do lado de cá, eu preciso dizer que o jornal sempre nos abriu a possibilidade de apresentar a nossa discordância, os nossos argumentos, aquilo que nós entendíamos ser a verdade”, disse o entrevistador. “A Folha é um jornal sério, é um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileiro. É um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha e a Folha faz parte desse grupo”.
A “Folha” respondeu às críticas e acusações de Bolsonaro e registrou que os comentários do presidente eleito intensificaram um movimento espontâneo nas redes sociais para que as pessoas assinem o jornal.
Com informações do Portal Uol Notícias