O encontro entre os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), finalmente ocorreu na noite dessa terça-feira, 19, na casa de um empresário, amigo do presidente da Câmara, em Brasília. Pelo lado do ex-governador do Ceará, participou o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o deputado Mário Heringer (PDT-MG), responsável por fazer a ponte entre os dois grupos.
Já Maia estava acompanhado do presidente do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), seu amigo pessoal, e de representantes dos partidos que integram o grupo que pretende marchar junto com o presidente da Câmara nesta eleição, apoiando um mesmo candidato: os presidentes do PP, Ciro Nogueira; do Solidariedade, Paulinho da Força; e o licenciado do PRB, Marcos Pereira.
O PRB é o único do bloco que apresenta resistência a uma aliança com Ciro. O PSC, que também integra o grupo, não mandou nenhum representante. O objetivo da reunião foi tentar reduzir as resistências ao nome de Ciro nos partidos de centro e evitar que eles fechem apoio a Geraldo Alckmin (PSDB). A estratégia foi também tentar reverter o mal-estar dos últimos dias, quando o ex-governador do Ceará disse que sua prioridade era fechar primeiro aliança com o PSB e com o PCdoB, garantindo uma “hegemonia moral e intelectual”.
Participantes do jantar, que se estendeu até cerca de 1 hora dessa quarta-feira, 20, disseram que o encontro foi de aproximação. Os convidados se recusaram a informar ao Jornal Folha de São Paulo o nome do anfitrião. Segundo eles, o sigilo foi acordado entre todos os presentes para evitar a exposição do empresário. Segundo eles, no encontro, Ciro sustentou posições que defende publicamente e que são tabu para partidos de viés mais conservador, como a tributação de fortunas e heranças, mas se mostrou aberto ao diálogo.
Ele fez na reunião uma avaliação do atual cenário eleitoral e ressaltou que sua candidatura não é totalmente alinhada com a esquerda e não tem preconceitos com partidos de outros campos políticos. Ele lembrou que, no Ceará, tanto o DEM como o PP fizeram parte da administração de seu partido.
Segundo o Jornal Folha de São Paulo apurou que, questionado por ACM Neto sobre divergências com bandeiras do grupo de centro, Ciro disse defender pontos que coincidem com ações do presidente do DEM à frente da prefeitura de Salvador. Ressaltou ainda que, se houver uma aliança entre eles, está aberto a fazer ajustes no programa.
Coube a Paulinho da Força abordar o tema que é receio generalizado de quem se aproxima de Ciro, o pavio curto e estilo verborrágico do ex-governador do Ceará. Segundo relatos feitos ao Jornal Folha de São Paulo, Ciro ressaltou suas passagens pelo Ministério da Fazenda e pelo governo estadual e disse que sempre teve muita tranquilidade quando esteve em cargos de comando. Além disso, afirmou que hoje está sozinho, mas que, ao compor um grupo, a situação mudaria, pois sua campanha deixaria de ser apenas para fazer número e passaria a ser, de fato, para tentar ganhar a eleição.
“Foi um encontro cuidadoso. Não teve veto ou embarque dos partidos presentes”, relatou Heringer. A intenção de Ciro é que uma nova reunião como a da terça seja realizada no início de julho, para discutir melhor propostas que sejam convergentes entre os partidos de centro.
Integrantes do grupo de Maia terão conversas ainda com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) — com quem ACM Neto se reúne nesta quarta-feira — e com o senador Álvaro Dias (PODE). Eles também são opção de aliança do bloco, que volta a se reunir na próxima terça-feira para discutir impressões e começar a definir quem apoiará na eleição de outubro.
Com informações do Jornal Folha de São Paulo