O crescimento do número de consumidores com contas em atraso e registrados no cadastro de inadimplentes perdeu força nos últimos meses. Dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que a inadimplência cresceu 2,0% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado. O número confirma a desaceleração do avanço da inadimplência, que vem perdendo fôlego desde novembro de 2018, quando a variação foi de 6,0%. Ainda assim, o Brasil encerrou o mês com cerca de 62,6 milhões de pessoas negativadas. O dado representa mais de 40% da população adulta brasileira.
Outro número calculado pela CNDL e pelo SPC Brasil é o volume de dívidas em nome de pessoas físicas. A sondagem mostra que houve uma queda de 1,23% em abril deste ano na comparação com 2018. É o quarto mês seguido em que foi registrado um recuo no Indicador de Inadimplência PF. A queda do número de dívidas, em contraste com o avanço do número de devedores, resultou no recuo do número médio de dívidas, que passou de 1,927 em abril do ano passado para 1,866 em abril de 2019.
Já os dados abertos por setor apontam que a maior parte das pendências (52%) está ligada aos bancos, que envolvem dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos. Em seguida aparecem os segmentos do comércio (17%), de comunicações (12%) e de água e luz (10%).
Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, embora o crescimento da inadimplência no país ainda persista, nota-se que o ritmo desse avanço menor e acontece em paralelo com o crescimento do saldo de crédito, segundo dados do Banco Central. “Por muito tempo, o aumento da inadimplência foi mitigado pela restrição do crédito. Agora, a desaceleração acontece em um contexto de retomada das concessões, o que indica um cenário melhor para mercado do crédito”, analisa.
Mais da metade dos inadimplentes está na faixa de 30 a 39 anos, com
quase 18 milhões de pessoas nos cadastros de devedores
A estimativa por faixa etária revela ainda que o maior índice de negativados está entre o público de 30 a 39 anos. Em abril, mais da metade (51%) da população nesta faixa etária tinha o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 17,7 milhões.
Também merece destaque o fato de porcentagem significativa da população com idade entre 40 e 49 anos (43%) estar negativada. Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 16% ou 4 milhões de pessoas. Na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção
é de 33%.
“É justamente nessa fase da vida em que a corrida ao crédito acaba sendo inevitável, pois muitos já constituíram família, possuem filhos e assumem mais compromissos financeiros. Em um momento de crise, pode ser difícil equilibrar o orçamento se não houver controle e disciplina”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Região Norte registra queda de 0,42% no número de negativados
De acordo com a sondagem, apenas uma das regiões apresentou queda no número de inadimplentes, a Norte, com recuo de 0,42%, resultado próximo da estabilidade. No Nordeste foi observado uma alta de 0,27%, contra queda apresentada no mês anterior. Já na região Sudeste, o avanço no volume de pessoas com contas atrasadas foi de 3,72%, enquanto no Centro-Oeste chegou a 1,57% e no Sul a 1,97%.
Em termos proporcionais, o Norte continua sendo a região com maior participação de inadimplente: 47% da população, o que representa 5,71 milhões de negativados. Em seguida aparecem Centro-Oeste (43% da população inadimplente ou 5,14 milhões de negativados), Sudeste (40% de inadimplentes ou 26,91 milhões de pessoas nessa situação), Nordeste (40% de inadimplentes ou 16,39 milhões consumidores em contas em atraso) e Sul (37% de sua população inadimplente ou 8,50 milhões de pessoas com o CPF negativado).