A crise sanitária com a pandemia da Covid-19 que deixou milhões de desempregados nos últimos dois anos abre a porta para corrupção nas eleições de 2022, com a compra de votos e oferta de benesses por parte de candidatos a eleitores que se encontram em condições de pobreza. Esse é o pensamento do advogado especialista em Direito Eleitoral, Maia Pinto, em entrevista, nesta quinta-feira, ao Jornal Alerta Geral. Segundo ele, a miséria cria um ‘’território fértil’ para corrupção.
‘’O eleitor está desesperado. A miséria aumentou. As pessoas estão passando fome. A cidade de Fortaleza está dominada por miseráveis nos sinais, nos viadutos. A gente não via isso há 20 anos. Parece aquela época da seca quando não existiam os programas de auxílio. Isso cria um território fértil para a corrupção eleitoral’’, expõe Maia Pinto, para, em seguida, acrescentar: ‘‘o miserável não tem dignidade, não tem o que comer, ele vai vender o voto como mercadoria’’.
Para o advogado Maia Pinto, a Justiça Eleitoral precisa estar atenta e precisa ser incisiva para aplicar o cartão vermelho nos candidatos que compra o voto para conquistar um mandato. Ele considera que a legislação eleitoral é abrangente, rigorosa e não precisa ser alterada para combater o abuso do poder econômico. Maia enaltece, também, o papel a ser exercido pelo eleitor que, com o celular nas mãos, pode ser ainda mais vigilante para as eleições serem limpas e sem corrupção.
FEDERAÇÕES E FUNDO ELEITORAL
Durante a entrevista ao Jornal Alerta Geral, o advogado Maia Pinto fala sobre outros temas que estarão na agenda de 2022: a construção de federações partidárias e o Fundo Eleitoral, com R$ 4,9 bilhões de recursos públicos, para o financiamento da campanha do próximo ano. Quanto às federações, que podem ser construídas por duas ou mais siglas, ainda deixam muitas dúvidas entre os dirigentes de partidos.
Há, segundo Maia Pinto, necessidade de regulamentação de alguns pontos da legislação que trata da formação de federações. Sobre o Fundo Eleitoral, Maia considera que não é o aumento no valor de recursos públicos que inibirá a corrupção nas eleições. Maia considera que, somente com esclarecimento, orientação, com debates sobre direitos, deveres, cidadania e transparência, as eleições serão marcadas por mais lisuras e com menos ilícitos.
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