Depois dos vibradores e dos anéis penianos, um novo acessório tem ganhado adeptos. Chamado de dispositivo limitador de profundidade, o brinquedo sexual nada mais é do que um encurtador de pênis usado por aquelas pessoas com o órgão acima do tamanho convencional e acabam machucando a parceira ou o parceiro, provocando uma relação sexual dolorosa.
A invenção é da americana Emily Sauer. Ela dizia que logo depois de fazer sexo, a penetração profunda provocava crises de dor. Ela tentou encontrar conselhos on-line e se consultou com médicos, porém, todos descartaram sua dor, dizendo que “ela só precisava beber um pouco de vinho e relaxar”.
Depois de anos de pesquisa, Sauer inventou um mecanismo para seu problema. Ela cortou a ponta de uma meia de tubo, enrolou em um anel de tecido e o deslizou até a base do pênis de seu parceiro, limitando sua profundidade máxima de penetração.
Deu certo e Sauer decidiu inventar sua própria solução. Ela criou a OhNut, marca de acessórios penianos com o intuito de limitar a penetração e causar menos dor. Os produtos são uma série de anéis macios feitos de borracha e silicone que atuam como um amortecedor confortável e seguro para o corpo.
O acessório vai contra uma série de dispositivos e substâncias encontradas no mercado pornográfico. Médicos afirmam que o apetrecho não causa danos, cumpre a finalidade de encurtar a atuação do membro, mas não tem maiores funções para a saúde sexual do casal ou benefícios, caracterizando-o como algo “desnecessário”.
— A relação sexual deve dar prazer para todos que participam. Se algo está errado, se a parceira sente dor durante ou após o ato, deve haver cumplicidade e conversa entre as partes para que haja uma mudança. Seja na posição ou no nível de profundidade da penetração. Torna desnecessário qualquer tipo de novo aparato. Claro, se é uma decisão do casal, ter uma nova experiência, experimentar algo novo, ou uma fantasia, é legal e supernatural, porém, contra dores da penetração, não acredito que seja o melhor caminho — afirma o urologista Marcelo Vieira, membro da Sociedade Brasileira de Urologia.
O médico diz que desconhece riscos que o aparelho possa trazer e lembra que o acessório é semelhante a outro muito utilizado para a prática sexual, que são os anéis penianos, indicado em casos específicos, como um paciente que tem disfunção erétil. Ele compreende a base do pênis ou do escroto com o objetivo de segurar a circulação sanguínea e assim prolonga o tempo de ereção.
— O anel peniano não pode ficar muito tempo preso no órgão masculino e, preferível, que seja de material maleável, como borracha, para não prender demais a circulação do sangue e causar outros problemas mais sérios como hematomas e infecções. Acredito que o mesmo aconteça com o dispositivo limitador de profundidade — diz o urologista.
A especialista em medicina sexual e urologista Pilar Seballos afirma que em sua prática médica são poucos os pacientes que a procuram por dores na pélvis ou vagina devido ao tamanho do membro sexual de seu parceiro, porém, aqueles que já fizeram uso do dispositivo que encurta o pênis aprovaram o acessório e garantiram uma melhora de qualidade na vida sexual.
Entretanto garante que as dores causadas pelo sexo são mais extensas e profundas que necessitam de um especialista para dar um diagnóstico preciso e um melhor tratamento.
— A mulher, por exemplo, pode ter vaginismo, que é uma disfunção sexual que envolve a contração involuntária dos músculos da vagina ocasionando muita dor. Ela pode ter problemas de lubrificação na região, endometriose, infecções vaginais, câncer ou até mesmo aquelas que sofreram cirurgias recentes na região — diz Seballos.
A cantora americana Meghan Trainor foi diagnosticada com vaginismo e disse em entrevista que acreditava que o motivo de suas dores era por causa do “grande garoto” do marido Daryl Sabara, ator de “Pequenos Espiões”. Ao ir ao médico, entretanto, ela descobriu a condição e começou a se tratar. Segundo ela, parou de sentir dores no momento da relação.
— Diferente do homem que tem tratamento para disfunção erétil, a mulher não tem. Quando ela está na menopausa ou sofre de falta de lubrificação na região vaginal, por exemplo, ainda temos tratamentos com hormônios, mas para qualquer outro tipo de problema, infelizmente não há tratamentos. E elas sentem muita dor o que atrapalha e até mesmo evita as relações sexuais com seus parceiros — explica Seballos.
(*)com informação do Jornal Extra