Nessa sexta-feira, 24, após sete dias de alta, o dólar comercial fechou cotado a R$ 4,105, com queda de 0,46% em relação ao dia anterior, fortemente influenciado pela declaração de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Em encontro com autoridades monetárias mundiais, ele defendeu uma alta gradual dos juros nos Estados Unidos. Apesar do recuo, a moeda teve a maior alta semanal desde novembro de 2016: 4,83%.
No último pregão da semana, marcado por volatilidades, a divisa norte-americana chegou a ser cotada, na mínima do dia, a R$ 4,0768, enquanto que a máxima foi de R$ 4,1242. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou em alta de 0,83%, aos 76.262 pontos.
A forte valorização do dólar nesta semana assustou o mercado financeiro, investidores e também a população. A divisa norte-americana impacta, diretamente, na precificação final de itens importados, produtos alimentícios, gasolina, eletroeletrônicos, remédios, além do turismo internacional, que são regidos pela moeda norte-americana.
De acordo com Renan Silva, economista da BlueMetrix Ativos, os repasses já são percebidos. “Os aumentos começaram nos últimos dias. A moeda vem subindo e não é de hoje. Olhando para o lado do empresário, como as vendas estão fracas, ele procura represar esse preço, mas, com margens estreitas de lucro, chega uma hora que tem de repassar ao cliente”, explicou.
Na visão de Silva, o repasse do aumento da moeda no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ser pequeno. “Tem pressão sobre o IPCA, mas é moderada. Não é coisa que possa levar a um descontrole inflacionário. É uma volatilidade de curto prazo que deve ser assentada rapidamente. Na segunda-feira, no Boletim Focus (divulgado pelo BC) já deve estar refletida”, completou.
Para a pedagoga Marineide de Sá Vieira, 50 anos, acompanhar as variações do câmbio internacional é essencial para planejamento prévio dos gastos. “Já dá para notar que os alimentos aumentaram bastante, principalmente o pão francês. A farinha de trigo, que antes estava na casa dos R$ 3, hoje é vendida a R$ 5. Lá em casa, tento não consumir o que subiu muito”, afirmou.
O Jornal Correio Braziliense esteve em um supermercado de Brasília e constatou alguns itens derivados do trigo em falta, esperando receber novo estoque. A expectativa é de que esses produtos cheguem com valores mais elevados diante da alta do dólar.
Segundo César Bergo, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), o aumento pesará em itens da rotina do brasileiro. “No dia a dia, produtos importados, principalmente os de gênero alimentício, vão aumentar. Agora, por outro lado, haverá concorrência com o produto nacional, já que o órgão mais sensível do consumidor é o bolso”, ressaltou.
Quem viaja para o exterior está apreensivo. O estudante Assis Valente, 20, irá, em janeiro, para a Europa. “Pelo dólar ditar o comportamento de outras moedas, compro, mensalmente, um valor fixo de euros. Fico preocupado, já que vou viver 30 dias com essa moeda,”, disse.
Com informações do Jornal Correio Braziliense