Um grupo de 11 entidades lança hoje o movimento “Parcelo Sim!” em defesa das compras parceladas sem juros.
O que quer o grupo
O movimento reúne entidades como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), além da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de Bens e Serviços de São Paulo).
A ideia é evitar que as compras parceladas sem juros acabem em meio a discussões para redução dos juros do cartão de crédito, conhecidos como rotativo do cartão.
O “Parcelo Sim!” cita pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) segundo a qual 90% dos lojistas vendem parcelado sem juros, enquanto, segundo o Datafolha, 75% dos consumidores fazem compras na modalidade.
Para as entidades integrantes do grupo, que reúne empresas de comércio e serviços, as compras parceladas sem juros movimentam o comércio e aumentam vendas. Acabar com a modalidade, portanto, prejudicaria o setor.
De acordo com estudo da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito), as compras com cartões de crédito movimentaram R$ 2,1 trilhões em 2022, e metade disso foram compras parceladas sem juros.
Entenda a discussão
A discussão em torno do parcelamento já dura alguns meses. O presidente do BC mencionou a possibilidade de mudança no parcelado sem juros pela primeira vez em agosto. Na ocasião, Campos Neto disse que a modalidade é um dos principais fatores que levam o consumidor ao juro rotativo e, consequentemente, à inadimplência.
No dia 16 de outubro, a instituição sugeriu limitar a 12 o número de parcelas sem juros em compras no cartão de crédito. Na ocasião, Campos Neto estava reunido com representantes do comércio, maquininhas e bancos, mas a reunião acabou sem consenso.
Diversas associações já se manifestaram contrárias a qualquer tipo de mudança. Todas reiteram que não existe dado que comprove a relação entre o parcelamento e a inadimplência da população.
No último dia 23, Campos Neto voltou a falar sobre o tema. Em evento promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo, o presidente do BC afirmou que o mercado precisa ceder de alguma forma para encontrar “uma solução para que as pessoas possam continuar comprando com o parcelado sem juros e não tenhamos uma bola de neve no efeito do rotativo”.
A proposta de limitar o parcelamento está relacionada a discussões sobre os juros do crédito rotativo. O setor precisa propor até o final deste ano uma autorregulação que reduza os juros da modalidade, ou então, passa a valer um teto de 100% do valor original da dívida, aprovado pelo Congresso. Os bancos argumentam que para baixar os juros do rotativo, o parcelamento deveria mudar.
A tentativa dos grandes bancos de eliminar ou limitar o parcelamento sem juros é uma estratégia de compensação pela redução das taxas exorbitantes do crédito rotativo e uma busca desesperada de recuperar vantagens competitivas frente às fintechs. Em vez de disputarem a preferência dos consumidores, desejam apenas manter sua lucratividade.Henrique Lian, diretor de Relações Institucionais e Mídia da Proteste
Já a Fecomércio-SP afirma que a correlação entre o rotativo do cartão e o parcelamento sem juros “carece de precisão analítica”. “O dilema reside, pelo contrário, nas taxas astronômicas associadas ao instrumento”, disse a entidade, em nota publicada em agosto.
(*)Com informação do UOL