A Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE) realizou um levantamento apontando a relação direta entre a vacinação e a diminuição do número de casos de Covid-19 entre profissionais de saúde cearenses. A avaliação levou em consideração as informações contidas na plataforma IntegraSUS, que é atualizada diariamente e integra sistemas de monitoramento e gerenciamento epidemiológico, hospitalar, ambulatorial, administrativo, financeiro e de planejamento da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará e dos 184 municípios.

Segundo o estudo, a imunização seria um dos possíveis fatores responsáveis por evitar os efeitos de uma segunda onda da doença neste grupo. De acordo com a cientista de dados da ESP/CE, Camila Colares, responsável pela elaboração de um gráfico baseado nos resultados percebidos no comparativo das curvas de contágio entre a população em geral e profissionais de saúde do Ceará, no período referente à primeira onda da Covid-19 no Estado, principalmente entre abril e junho de 2020, houve aumento paralelo dos casos registrados em trabalhadores da saúde e de outros grupos da sociedade. Já com relação aos indicadores de janeiro a março de 2021, observa que as curvas dos dois grupos adotam comportamentos distintos, pois enquanto a curva da população geral indica a ocorrência da segunda onda de Covid-19, a dos profissionais de saúde ficou estável.

Quem corrobora com essa análise é o cientista-chefe da Saúde do Ceará, José Xavier Neto. Ele é de opinião que a vacinação impactou diretamente na consequente diminuição dos números de trabalhadores infectados. “Isso significa que quanto mais pessoas forem vacinadas, mais indivíduos protegidos teremos e menos casos também,” pontua.

Para o médico infectologista e consultor da ESP, Keny Colares, a mudança da curva de infecção entre os profissionais de saúde para baixo é bem interessante e pode retratar os primeiros benefícios da vacinação.

“O gráfico mostra uma mudança na curva bem interessante. Na primeira onda, tínhamos a curva de casos entre os profissionais de saúde acompanhando em paralelo o número de casos da população em geral. Isto é, eles estavam se infectando de uma forma igual ou até mais que a população por estarem se expondo mais. Agora na segunda onda os dados mostram que a notificação e novos casos em profissionais de saúde não seguiu a curva de elevação que ocorreu na população geral”, frisa.

Colares observa que esse é um dado bem ilustrativo e a interpretação disso é que pode ser um benefício das vacinação, pois essa população tem tido acesso mais rápido à vacina por conta do plano de imunização, mas entende que existem outras variantes, como por exemplo: os profissionais estarem se protegendo com mais eficácia que no início da pandemia e também por estarem mais expostos a doença grande parte deles foi infectada e desenvolveu uma proteção parcial. “Portanto, o benefício da vacina é uma possibilidade grande para essa baixa de casos, mas temos que avaliar também a melhor utilização de EPIs e maiores precauções que os profissionais estão tendo, mesmo porque a desconexão da curva ocorreu antes da vacinação. Esses são dados que devem ser discutidos entre os epidemiologistas,” avalia.

De acordo com especialistas, a partir de 60% da população vacinada, a situação da pandemia passa a ser administrável pelas autoridades de saúde. O Ceará já imunizou entre primeira e segundas doses 875 mil pessoas o que representa pouco mais de 9% dos 8.843 milhões de cearenses. De acordo com o último relatório do Vacinômetro da Sesa, 494.268 doses já foram aplicadas em profissionais de saúde no Ceará. Do total, 237.654 já receberam duas doses da CoronaVac/Sinovac e 260, pelo menos a primeira dose do imunizante Oxford/AstraZeneca. Em todo o território cearense, 1.101.913 doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas, segundo atualização mais recente da ferramenta.