A Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Margareth Dalcolmo, destacou, nessa terça-feira (13), em audiência pública no Senado, a aliança para o combate ao câncer do pulmão, um esforço coletivo de sociedades médicas aliadas ao poder público.

Margareth Dalcolmo fez relatos que retratam uma verdadeira tragédia à saúde de quem consome os cigarros eletrônicos. O repórter Carlos Alberto, em sua participação, nesta quarta-feira, no Jornal Alerta Geral, destaca dados e os riscos à saúde com o consumo dos cigarros eletrônicos.


A especialista revelou que recebe em seu consultório adolescentes com 16 anos com pulmões radiografados similares a uma pessoa de 90 anos, com danos irreversíveis no órgão causados pelo cigarro eletrônico, os “vapes”.

‘’Estamos aqui como sociedade médica de especialistas para não permitir que o câncer de pulmão venha a sobreviver em pessoas com até 30 anos de idade’’, observou Margareth, ao dizer, ainda, que ‘’não é possível que num país como o Brasil ainda tenhamos 28 mil pessoas que morrem de câncer do pulmão, quando essa é uma doença previamente detectável’’.

Diante dessa situação, a Presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia alertou que ‘’é preciso que a detecção precoce seja acompanhada de um sistema de biopsia e essa resolubilidade só se dará se isso tudo for bem concatenado.

Precisamos pensar grande, juntarmos porque em rede tudo se faz melhor’’, acrescentou.

JOVENS COM O CIGARRO ELETRÔNICO

A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene Oliveira, lembrou que qualquer pessoa pode ser acometida pelo câncer de pulmão, não só os fumantes. Ela diz que já vê jovens saindo das escolas com os cigarros eletrônicos em mãos.

‘’Não podemos continuar perdendo vidas para o câncer de pulmão como estamos perdendo. Hoje o câncer já atinge mais de 600 cidades como primeira causa mortis, disse Marlene Oliveira, ao deixar a sua contribuição sobre ações que devem ser instituídas para inibir o consumo de cigarros eletrônicos.

COMBATE AO CÂNCER DE PULMÃO

O aumento do consumo e da comercialização clandestina de cigarros eletrônicos no país entrou como um dos principais temas da audiência pública articulada pela Frente Parlamentar da Medicina do Congresso Nacional, que é presidida pelo senador Dr. Hiran (PP-RR).

O debate atraiu parlamentares e especialistas que participaram da sessão temática no Senado com discussões voltadas à instituição de políticas públicas para o combate ao câncer de pulmão. A estimativa é de que, para cada R$ 1 gasto na prevenção, outros R$ 4 são economizados no tratamento da doença.

Dr. Hiran disse que, apesar de ser contrário ao fumo, é favorável à aprovação do PL 5.008/2023, que regulamenta a produção, comercialização, fiscalização e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil.

‘’A maioria das pessoas do país não sabe nem que é proibido. É proibido importar, é proibido vender, é proibido tudo. E todo mundo usa. Quando você vai a uma festa de jovem, os jovens todos estão usando essas coisas coloridinhas, flavorizadas, e todo mundo usando. Ninguém sabe a concentração de nicotina, que é extremamente nociva, é extremamente viciante’’, disse o parlamentar, que, ainda, acrescentou:

‘’Ninguém sabe o que se está produzindo do fruto do aquecimento dessa nicotina. (…) Eu acho que a gente precisa realmente conscientizar as pessoas de que isso é muito nocivo à saúde, fazer política pública de conscientização, como nós fizemos no tabagismo’’, defendeu o senador.

NOVOS CASOS DA DOENÇA

O senador Dr. Hiran mencionou as estimativas para o triênio 2023-2025, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), segundo as quais cerca de 32 mil casos de câncer de pulmão devem ser diagnosticados por ano no Brasil — o que coloca a doença como a quinta mais incidente entre todos os tipos de tumores malignos.

‘’Esse tema que hoje nos reúne, infelizmente, não se limita a estatísticas frias. Por trás dos números, existem histórias de vida, famílias que enfrentam a doença com coragem e esperança depositada em cada avanço da ciência. É por elas e para que outras tantas não precisem travar a mesma batalha que dedicamos esse espaço à construção de soluções mais eficazes’’, afirmou Hiran.

Hiran lembrou, ainda, que o câncer de pulmão é o segundo tipo mais comum no mundo, com 2,2 milhões de casos novos por ano. ‘’Isso corresponde a mais de 11% de todos os casos de câncer’’, expôs o senador, ao destacar a realização, nesta quarta-feira (14) e quinta (15), em Brasília, do Primeiro Congresso de Câncer de Pulmão.

DOENÇA NEGLIGENCIADA

O presidente de honra da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Carlos Gil Ferreira, afirmou que câncer de pulmão é uma doença negligenciada, mas que ações importantes estão sendo obtidas, como a atuação legislativa federal e do Poder Executivo, que agora tem secretaria específica no Ministério da Saúde para enfrentamento à doença.

Diretor-executivo e de Processos Clínicos do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor), Raphael Haikel Júnior disse que a prevenção é simples e ao mesmo tempo complicada. ‘’Precisamos envolver vários atores nessa grande luta de prevenção. Saber como agir para não gastar recursos da União de forma errônea’’, observou.

CUSTO E PREVENÇÃO

Coordenadora de Gestão em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Vanessa Boarati, apresentou estudo que mostrou o custo econômico do câncer de pulmão.

Segundo a especialista, 80% dos custos de câncer do pulmão são indiretos, causados pela alta perda de produtividade pela morte prematura e alto absenteísmo, ou seja, falta ao trabalho. Pelo menos um terço dos que morrem estão em idade ativa e 57% das vítimas são homens.

O perfil da internação revelou que a porcentagem de tempo em UTI é maior do que em outros canceres e registra-se também mais dias de internação. A mortalidade do câncer de pulmão, segundo Vanessa, supera os canceres de mama, colorretal e próstata.

(*) Com informações da Agência Senado