Uma tragédia social e educacional que a pandemia da covid-19 está deixando entre milhões de brasileiros: os dados dessa triste realidade estão em um relatório do Banco Mundial ao apontar que o período de escolas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus pode fazer com que 2 em 3 alunos do Brasil não consigam ler adequadamente um texto simples aos 10 anos.

A analise se refere ao impacto da covid na educação dos países da América Latina e Caribe. O documento foi divulgado, nessa quarta-feira, e é um alerta direto para os secretários estaduais e municipais de educação.

O estudo faz simulações para perdas depois de 7 meses de escolas fechadas, 10 meses e 13 meses, considerado o cenário mais pessimista. É esse, no entanto, que se aproxima da realidade em diversos Estados e municípios brasileiros que ainda não reabriram a educação, diante do quadro grave da pandemia no Brasil atualmente.

A defasagem de aprendizagem foi medida por meio de um índice do Banco Mundial chamado “pobreza de aprendizagem”, que usa dados de avaliações educacionais e tem um diagnóstico para governantes de estados e municípios agirem: “Os países precisam estar prontos para reabrir as escolas nacionalmente e investir os recursos necessários para que isso aconteça, para começarem a se recuperar das perdas dramáticas de aprendizagem e outros efeitos negativos da pandemia’’, destaca o documento ao ressaltar, ainda, que o ensino remoto não substitui o presencial’’.

Uma reportagem do Jornal O Estado de São Paulo mostra que, com base nessa projeção do Banco Mundial, o Brasil, que já tinha 50% dos alunos em pobreza de aprendizagem, iria para um índice semelhante à média da região, de 70%. Segundo, ainda, a reportagem, as perdas correspondem a 1,3 ano de escolaridade, ou seja, o estudante teria o conhecimento de mais de uma série anterior a que é correspondente à sua idade. Com um tempo maior de escolas fechadas, a defasagem pode subir para 1,7 ano de escolaridade.

O economista da Prática de Educação do Banco Mundial, Ildo Lautharte, destaca que o impacto da pandemia no Brasil talvez seja mais devastador porque há um nível de desigualdade maior que grande parte dos países da América Latina. Com esse diagnóstico, há outra preocupação: o “grande temor” é a perda das conquistas que o País havia feito nos últimos anos de melhora da qualidade da educação, principalmente, nos primeiros anos do ensino fundamental.