Um estudo sobre a viabilidade do capacete de respiração assistida Elmo para o tratamento de insuficiência respiratória aguda no contexto da Covid-19 será publicado em uma edição do Jornal Brasileiro de Pneumologia. Uma das autoras do texto é a fisioterapeuta Betina Tomaz, que trabalhou na equipe que desenvolveu o dispositivo e fez as capacitações para seu uso. Os treinamentos são realizados pela Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Com o título “Um novo dispositivo de capacete CPAP, o Elmo, no tratamento da insuficiência respiratória hipoxêmica aguda secundária à Covid fora da UTI: um estudo de viabilidade”, o trabalho foi escrito em parceria com um grupo de outros pesquisadores cearenses – entre médicos, fisioterapeutas e engenheiros. No momento, a equipe aguarda o envio da prova do artigo e subsequente publicação da revista científica, com previsão para a edição de janeiro/fevereiro de 2022.
Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o Jornal Brasileiro de Pneumologia destina-se à divulgação de artigos científicos que contribuam para o aumento do conhecimento no campo das doenças pulmonares e áreas relacionadas.
Betina relembra o período de testes clínicos em pacientes internados no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv) entre junho e outubro de 2020. “Nosso objetivo foi avaliar a viabilidade do uso de um novo dispositivo de CPAP com capacete, o Elmo, para tratar a insuficiência respiratória aguda hipoxêmica (IRpA) secundária à Covid-19 fora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, diz.
Os testes do uso do Elmo em pacientes foram desenvolvidos no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci entre junho e outubro de 2020
Os testes foram realizados em um grupo formado por homens e mulheres de 37 a 76 anos, todos com comorbidades, e evidenciaram a eficácia do aparelho. Das pessoas tratadas para fins da pesquisa, 60% delas se beneficiaram e não precisaram ser intubadas. “Avaliamos os efeitos agudos da terapia com o ElmoCPAP diante de variáveis fisiológicas, ajustes de parâmetros, tempo de uso, conforto, eventos adversos e outras variáveis”, relata.
Ainda segundo a pesquisadora, os resultados do estudo fundamentam o desenvolvimento de materiais adicionais para avaliação do Elmo para além do tratamento em quadros de insuficiência respiratória aguda causadas por Covid-19. “[O Elmo] pode ser usado em quadros de pneumonia, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e edema pulmonar cardiogênico agudo, além de determinar seu impacto em resultados relevantes, como taxa de intubação, mortalidade, tempo de internação hospitalar e taxa de sobrevivência”, detalha.
Elmo 2.0
Atualmente, o Elmo encontra-se em processo de adaptações para sua versão 2.0. Iniciada em abril deste ano, as atualizações preveem a otimização no monitoramento dos pacientes a partir da implantação de sensores e alertas. Uma equipe de pesquisadores, especialistas e técnicos de instituições dos setores público e privado compõem a força-tarefa. O projeto, com previsão de conclusão para este semestre, conta com financiamento da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e do Grupo Edson Queiroz.
O projeto nasceu em 2020, resultado de uma iniciativa conjunta entre Governo do Ceará, por meio da Sesa, ESP/CE e Funcap, além das Universidades de Fortaleza (Unifor) e Federal do Ceará (UFC), e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará). O capacete Elmo também conta com o apoio da Esmaltec e do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).