O melanoma é o menos comum, mas o mais mortal entre os cânceres de pele, por isso, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de tratamento. Hoje, o autoexame é a melhor forma de identificação dos tumores, mas o procedimento não é simples. Ele exige que as pessoas conheçam as pintas e manchas do corpo e procurem, regularmente, por alterações ou o surgimento de novas marcas.

Depois, o material é coletado e enviado para a biópsia. Por isso, um exame de sangue desenvolvido por pesquisadores da Universidade Edith Cowan, em Perth, Austrália, está sendo considerado um marco. Em testes iniciais, ele foi capaz de diagnosticar o melanoma em estágio inicial, feito que tem potencial para salvar milhares de vidas.

— Pacientes que têm o melanoma detectado em estágio inicial tem a taxa de sobrevivência de cinco anos entre 90% e 99%, se não for detectado cedo e se espalhar pelo corpo, a taxa cai para menos de 50% — explicou Pauline Zaenker, líder das pesquisas. — É isso que torna este exame de sangue tão excitante como uma ferramenta de diagnóstico em potencial, porque pode achar o melanoma em seus primeiros estágios, quando ainda é tratável.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele é o mais frequente no país, respondendo por cerca de 30% dos tumores malignos registrados no Brasil, sendo que o melanoma representa apenas 3% das neoplasias no órgão. A estimativa é que 6.260, sendo 2.920 homens e 3.340 mulheres, serão diagnosticadas com melanoma neste ano, com mais de 1.500 mortes. Estimativas da

Organização Mundial da Saúde indicam que 132 mil casos de melanoma são diagnosticados anualmente
O exame de sangue detecta os anticorpos produzidos pelo corpo como resposta ao melanoma. Os testes clínicos foram realizados em 105 pacientes com o tumor e 104 pessoas saudáveis, como grupo de controle.

Em 81,5% dos casos, a neoplasia foi detectada com sucesso. Novos experimentos ainda são necessários para validar os resultados, mas a expectativa é que a ferramenta esteja disponível dentro dos próximos três anos.

Pauline explica que o corpo começa a produzir os anticorpos assim que as primeiras células cancerígenas são formadas. Os cientistas analisaram um total de 1.627 tipos diferentes de anticorpos para identificar uma combinação de dez deles que melhor detectam a presença da doença.

— Apesar de os médicos fazerem um trabalho fantástico com as ferramentas disponíveis, confiar apenas nas biópsias pode ser problemático. Nós sabemos que três em cada quatro biópsias são negativas para o melanoma. E as biópsias são muito invasivas, com a extração mínima de 1 centímetros quadrado de pele dos pacientes — afirmou a pesquisadora. — Elas também são custosas, com pesquisas anteriores demonstrando que o sistema australiano de saúde gasta US$ 201 milhões anualmente com o melanoma, com US$ 73 milhões adicionais com biópsias negativas.

O professor Mel Ziman, coautor do artigo publicado no periódico “Oncotarget”, explica que a ideia é que o exame de sangue possa ser utilizado para a triagem de pacientes para a biópsia e em exames de rotina em grupos de risco, como pessoas com muitas pintas, pele muito clara ou histórico da doença na família.

Sanchia Aranda, diretora da ONG Cancer Council Australia, considerou o exame “interessante”, mas espera que novos testes indiquem o impacto da ferramenta nas taxas de sobrevivência de pacientes. E enquanto o exame não estiver disponível, a recomendação é prestar atenção em qualquer mancha estranha pelo corpo.

— Nós também devemos lembrar que a prevenção é sempre melhor que a cura — afirmou Sanchia. — Sempre que os raios ultravioletas estiverem fortes, é melhor vestir a camisa, passar protetor solar e colocar o chapéu, procurar abrigo e colocar os óculos escuros.

 

Com informações O Globo