O início de um novo ano é o momento de buscar vagas na rede pública de ensino de Fortaleza e do Estado para muitos pais e responsáveis de crianças e adolescentes. Na rede municipal, as matrículas para novatos seguem até a próxima terça-feira, 9, com datas específicas para cada faixa etária. Cerca de 35 mil vagas estão disponíveis, segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME).
Ainda de acordo com a Secretaria, Fortaleza possui 544 unidades educacionais públicas municipais, das quais 83 são creches e 150 são Centro de Educação Infantil. Nessas unidades, cerca de 35 mil vagas estão disponíveis, sendo 7.095 para a Pré-escola, 11.971 para o Ensino Fundamental, 5.589 para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 9.795 para creches, em que a ofertas de vagas ainda é insuficiente para a demanda. Em dezembro de 2017, foi realizada a confirmação de matrícula dos alunos veteranos.
Apesar de ter um calendário de matrículas, a Secretaria esclarece que as matrículas para ingresso de alunos nas escolas municipais estão abertas durante todo o ano. A doméstica Silvana Penha, 36, conta que tentou vaga em uma creche para seu filho Abraão, hoje com 4 anos, nos últimos três inícios de ano, mas as tentativas foram em vão. Dona Silvana está na fila de espera por uma vaga há dois anos e revela que já perdeu emprego por não conseguir matricular o filho.
O filho maior da doméstica, Lucas da Rocha, 15, também enfrentou dificuldades para se matricular no 9º ano do Ensino Fundamental, pois, segundo Silvana, as vagas estavam esgotadas. Lucas estudava na escola Herondina Lima Cavalcante, no Vila Velha, mas não havia mais vaga na instituição na série dele. Iracema Frota, gerente da Célula de Pesquisa e Dados Educacionais da Secretaria Municipal de Educação, explica, contudo, que é obrigação da escola encaminhar pais e responsáveis para uma unidade de ensino mais próxima, se possível, no mesmo bairro para que os alunos não percam o ano.
Na mesma situação de dona Silvana Penha está a dona de casa Maria de Nazaré, de 41 anos. Seu filho, Levi, de 3 anos de idade, espera há um ano e sete meses por uma vaga em uma creche de Fortaleza. Dona Maria busca explicações com a voz embargada. Para ela, só se alguém desistir de uma vaga é que seu filho terá acesso a uma instituição de ensino infantil na capital cearense. Iracema Frota lembra que as crianças são inscritas no Registro Único, que segue os critérios de necessidade e estabelece prioridades para ocupação das vagas. É por esse registro que se identifica as demandas regionais e guia a construções de novas unidades, explica a gerente da Célula de Pesquisa e Dados Educacionais da SME.
Sobre a demanda elevada aguardando por uma vaga nas unidades educacionais infantis de Fortaleza, principalmente nas Regionais V e VI da cidade, onde concentram-se os bairros de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Frota reitera que o número só pode ser confirmado após o período de matrículas. Conforme pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecília do Vidigal (FMCV) em parceria com o Ibope Inteligência, Fortaleza possui 30,1% da população entre 0 e 3 anos matriculada em unidades públicas e privadas – a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), porém, estabelece 50% como porcentagem ideal.