O desmatamento é um dos principais desafios da América Latina, segundo a publicação O Estado das Florestas no Mundo de 2018, divulgado hoje (6) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). De acordo com o estudo, é fundamental conservar as áreas urbanas protegidas. No caso do Brasil, o destaque é para o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com 4 mil hectares, o parque foi declarado paisagem cultural Patrimônio da Humanidade pelo Unesco em 2012.
A FAO, no documento, ressalta que, para enfrentar a proliferação de espécies exóticas e a expansão urbana, o parque foi reflorestado com árvores nativas e foram construídas infraestruturas recreativas para envolver a comunidade local e aumentar a conscientização sobre a importância da proteção das florestas urbanas.
Desde 1999, o parque é administrado conjuntamente pela Prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Ministério do Meio Ambiente. Cerca de 2,5 milhões de pessoas visitam o parque todo ano. A Mata Atlântica foi restaurada e transformada em santuário para uma diversidade de espécies endêmicas.
Redução
Ao lado da queima de combustíveis fósseis, o desmatamento está entre as principais causas das mudanças climáticas, representando quase 20% das emissões de gases de efeito estufa. Pelo estudo, no período de 1990 e 2015, a área florestal mundial diminuiu de 31,6% da área terrestre do mundo para 30,6%.
O aspecto positivo é que o ritmo de perda foi abrandado nos últimos anos. A maior parte desta perda ocorreu na África subsaariana, na América Latina e no sudeste da Ásia.
Nos lugares em que a demanda de carvão vegetal é alta, sobretudo na África Subsaariana, Sudeste da Ásia e América do Sul, sua produção exerce pressão nos recursos florestais e contribui para a degradação e desmatamento, especialmente quando o acesso às florestas não está regulamentado.
Análise
O estudo da FAO informa que a proporção de pessoas que depende de lenha varia de 63% na África a 38% na Ásia, e 16% na América Latina. Apenas 9% da área florestal da América do Sul é manejada com o objetivo de proteger o solo e a água, bem abaixo da média global de 25%.
De acordo com o relatório, as florestas manejadas para a conservação dos solos e das águas têm aumentado em todo o mundo nos últimos 25 anos, com exceção da África e da América do Sul.
As florestas e as árvores fornecem cerca de 20% da renda das famílias rurais nos países em desenvolvimento. No entanto, de acordo com o relatório, existe uma forte relação entre as áreas de cobertura florestal extensiva e as altas taxas de pobreza: no Brasil, por exemplo, pouco mais de 70% das áreas de florestas fechadas (densas, com grande cobertura de copa) apresentavam taxas de pobreza elevadas.
Pobreza
O estudo menciona ainda que, na América Latina, 8 milhões de pessoas sobrevivem com menos de 1,25 dólares por dia nas florestas tropicais, savanas e seus arredores. Mundialmente, mais de 250 milhões vivem abaixo da linha de pobreza extrema nessas áreas: 63% estão na África, 34% na Ásia e apenas 3% na América Latina.
Apesar de a participação da América Latina no total global ser baixa, cabe destacar que a grande maioria (82%) das pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza nas áreas rurais da América Latina vivem em florestas tropicais, savanas e seus arredores.
Com um total de 85 milhões de pessoas vivendo em florestas tropicais, savanas e em seus arredores na América Latina, cuidar das florestas será um fator-chave para avançar rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Agência Brasil