A experiência e o respeito nos bastidores político e empresarial colocaram o presidente interino da Executiva Nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, nas articulações para a transição política que pode culminar com a renúncia do presidente Michel Temer. Sempre com tom moderado e sem exaltação, Tasso tem trabalhado junto às lideranças da Câmara Federal e do Senado para a travessia política ser levada até as eleições de 2018 sem novos contratempos para a economia.

Com esse pensamento, Tasso trabalha para o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), assume o comando do País com uma possível saída de Temer. As conversas estão avançadas e, nesta sexta-feira, o jornalista Josias de Souza, em sua coluna no Jornal Folha de São Paulo, revela que Rodrigo Maia assumiu o compromisso com Tasso de que, se indicado presidente interino, manterá a equipe econômica.

A permanência dos atuais membros da equipe econômica liderada pelo Ministro Henrique Meireles é o ponto de equilíbrio para o Brasil não sofrer abalos na relação com os investidores internos e externos caso haja uma nova substituição na Presidência da República. O presidente Michel Temer participa do G20 na Alemanha e poderá voltar ao Brasil com um novo discurso sobre os caminhos da República. Temer tem sido pressionado a renunciar, mas tem mantido o discurso de que não há razões para deixar a Presidência da República.

O ambiente político, porém, é desfavorável ao Governo e, dentro da própria base de apoio ao Palácio do Planalto, cresce o sentimento de que a situação se torna insustentável. Uma das vozes que defendem a saída de Michel Temer é o presidente do PSDB, Tasso Jereissati. Tasso considera que o País está se tornando ingovernável e fez, nessa quinta-feira, um  aceno, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para uma eventual sucessão do presidente Michel Temer. Caso a denúncia contra o peemedebista seja aceita pelos deputados e ele seja afastado do cargo, Maia assumiria provisoriamente o cargo por até 180 dias até o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o caso.  A escolha do relator da denúncia contra Temer por corrupção passiva na Câmara, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), e a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, acenderam o alerta entre Tasso e seus aliados para acelerar o desembarque.

Segundo Tasso, se o ex-presidente da Câmara,  Eduardo Cunha, fizer delação, aí não tem nem o que discutir mais. ‘’Se vier essa delação não sei nem quem vai ser citado, quem não vai ser, mas vai ser um semestre terrível para nós”, avaliou. Ele reclama que “não dá para viver cada semana uma nova crise” e que “está na hora de buscar alguma estabilidade” para o Brasil.

Embora diga que ainda é “precipitado” falar em nomes para uma “transição”, Tasso afirma que o candidato “tem que ser alguém que dê governabilidade” para o País até a eleição de 2018. “Isso não é algo difícil de se encontrar”, minimizou. “Na travessia, se vier, têm várias opções. Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o País”, declarou o tucano. E le diz qu e está sempre aberto para tratar de uma “saída negociada” com Temer.

Sobre um cenário hipotético de transição, caso Temer deixe o cargo, Tasso avalia que a equipe econômica do atual governo deveria ser mantida para manter a estabilidade. “O governo tem que ser o mais próximo possível do intocável em termos de postura ética”, completou. Tasso admite que está conversando com todas as legendas sobre o assunto. “Eu acho que o ideal é envolver todos os partidos, inclusive os de esquerda”, defendeu, ao afirmar, ainda, que  o governo “caminha para a ingovernabilidade”, assim como considera que ocorreu com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) antes do processo do impeachment. Tasso considera ainda que o maior problema de Temer na base aliada é com o próprio PMDB, que está dividido.