Na próxima semana, governadores de todo o pais devem se reunir com o presidente Jair Messias Bolsonaro para tentar, de maneira conjunta, harmonizar a situação tensa que vivem os três poderes, atualmente, no Brasil. A decisão desse “trabalho em conjunto”, foi tomada no Fórum dos Governadores, nesta segunda-feira (23). A reunião contou com 23 governadores estaduais e do Distrito Federal além de dois vice governadores. O encontro já estava prevista, mas de última hora teve incluída na pauta a possibilidade de uma ruptura institucional.
“O objetivo é demonstrar a importância de o Brasil ter um ambiente de paz, de serenidade onde possamos garantir a forma de valorização da democracia, mas principalmente criar um ambiente de confiança que permita atração de investimentos, geração de empregos e renda”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
“A intenção é utilizar a força dos governadores que falam em nome da população […] e levar essa fala dos 27 governadores para todos os Poderes constituídos no país”, disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
O assunto veio à tona nos últimos dias após a série de ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF). A postura do presidente, que apresentou nesta sexta-feira (20) um pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes, foi criticada por governadores
Durante a reunião, houve resistência da parte de alguns governadores a adotarem uma postura de maior confronto com Bolsonaro, segundo alguns presentes no evento. Mesmo tendo rompido com o presidente da República, Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, foi um dos que se posicionou contra uma medida mais enfática.
João Dória, Governador de São Paulo, defendeu a elaboraçãouma carta em repúdio às ações recentes do presidente Jair Bolsonaro. Uma parte dos presentes,. no entanto, argumentou que a medida apenas serviria para acirrar os ânimos.
Em mais um sinal de cautela, os pedidos de reuniões serão encaminhados a todos os chefes dos Poderes e não apenas a Bolsonaro. As cartas individuais solicitando os encontros e apresentando a agenda a ser discutida serão elaboradas até o fim desta semana, para que seja possível realizar as reuniões já na próxima semana.
Serão encaminhados ofícios para o presidente da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e também para o presidente do STF, ministro Luiz Fux.
A discussão sobre as ameaças à democracia acontece em meio a uma série de ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal. Contrariando pedidos de moderação de seus aliados, o presidente da República enviou ao Senadoo pedido de impeachment contra Moraes.Moraes é o responsável pelo inquérito das Fake News, que resultou na prisão de aliados do governo, como o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.
Os representantes também se manifestaram contra uma reforma tributária que gere perda de arrecadação aos estados, e pediram entendimentos para a criação de um consórcio para a gestão de projetos ligados à sustentabilidade do meio ambiente.
Dos 27 governadores, somente dois não participaram: o do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL) e o do Amazonas, Wilson Lima (PSC).