A fusão das Pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, proposta pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), não é consenso no setor do agronegócio. Para alguns, essa união vai trazer para a agricultura problemas específicos da área ambiental que não devem ser tratados no setor agrícola.

Pautas ambientais de vários setores industriais, como os da química e mineração, vão se somar às próprias da agricultura. Para outros, já que Jair Bolsonaro quer reduzir o número de ministérios, essa fusão de Agricultura e Meio Ambiente pode ser um caminho.

“É um equívoco”. Essa é a avaliação do deputado Arnaldo Jardim (PPS/SP), ex-secretário de Agricultura do estado de São Paulo e há anos engajado no setor do agronegócio. “Trazer o Ministério do Meio Ambiente para o âmbito da agricultura é deixar de ter o foco onde ele precisa estar: nos centros urbanos. A agricultura tem suas regras ambientais e um dos exemplos é que, cada vez mais, gera energia limpa para o país, afirma.

Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Antonio Galvan, concorda com a união. “A questão ambiental virou ideologia interna, que tenta atrapalhar nosso trabalho.” Segundo ele, ninguém quer cometer ilegalidades nesse setor, mas deve haver agilidade nos processos ambientais.

A morosidade nas aprovações dificulta não apenas o setor privado como também as obras públicas do País. “É preciso retirar a ideologia dessas discussões”, diz. “A tentativa de união dos ministérios é válida. Deve-se criar uma secretaria dentro Ministério da Agricultura, mas que ela tenha agilidade”. O futuro ministro que assumirá essas pastas unificadas poderá realmente perder o foco das questões específicas da agricultura.

Nos últimos dois anos, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, tem despendido grande parte de seu tempo apagando incêndios no setor. Foram várias operações da Polícia Federal apontando desvios no controle sanitário e na qualidade da carne de algumas empresas. Do lado do Meio Ambiente, o cenário também não foi tranquilo, principalmente após a ruptura da barragem de Mariana (MG). Serão muitos, e bastante diversificados, os problemas a serem enfrentados.

Com informações do Jornal Folha de São Paulo