Na primeira da paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimento de comida e combustíveis em todo o País, os preços de alguns produtos dispararam, caso da batata que registrou aumentou de preço de até 150% na capital paulista. Entre 21 e 28 de maio, a gasolina chegou a subir 14% em Salvador (BA), por exemplo. Em São Paulo, a alta foi de 7,5%. No Rio de Janeiro, ficou 8% mais cara, e, em Brasília, subiu 12%. Os aumentos ocorreram apesar de a Petrobras ter baixado os preços do litro da gasolina em 2,8% durante o mesmo período.
Os dados fazem parte do IPC-S, índice de inflação semanal levantado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que verifica os preços de serviços e produtos aos consumidores em sete capitais. “E estas são só as variações médias”, diz o economista da FGV André Braz, um dos responsáveis pelo levantamento. “Para o aumento médio ser 14%, em algum lugar a alta foi maior do que isso.”
Divulgado na segunda-feira, 4, o IPC-S verificou a variação dos preços até o dia 31 de maio e, embora não seja o indicador de inflação oficial usado pelo governo (IPCA), é o primeiro a captar o que aconteceu com os principais produtos na semana em que os caminhoneiros pararam o Brasil. Geralmente, o IPC-S considera apenas as variações acumuladas em um mês, mas, com a semana atípica de desabastecimento que os protestos dos caminhoneiros geraram, Braz fez os cálculos para as variações de alguns produtos e algumas cidades apenas para o período entre 21 e 28 de maio.
Iniciada no dia 21, a greve dos caminhoneiros protestava contra o aumento no preço do diesel e se arrastou por mais de dez dias em todo o território nacional. Os pontos de bloqueios nas rodovias, que chegaram a passar de 1.000 na contagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), só foram zerados na quinta-feira, 31.
Combustível subiu mesmo com redução na refinaria
O aumento no preço dos combustíveis nos postos verificado pelo IPC-S foi na contramão do que estava acontecendo nas refinarias, onde, na mesma semana, tanto gasolina quanto diesel ficaram mais baratos. Segundo a Petrobras, que reajusta seus preços às vezes diariamente, a gasolina caiu 2,8% nas refinarias entre 21 e 28 de maio (de R$ 2,068 o litro para R$ 2,010). No caso do diesel, a redução foi de 10,5% (de R$ 2,349 para R$ 2,102).
A companhia anunciou uma redução temporária de 10% no litro diesel justamente em resposta ao movimento dos caminhoneiros, em uma tentativa de conter as paralisações. Foi uma semana de reduções por parte da estatal depois de um mês praticamente inteiro só de aumentos – em 1º de maio, a gasolina estava custando R$ 1,807 nas refinarias e o diesel era vendido a R$ 2,088.
Os preços cobrados pela Petrobras acompanham as cotações do dólar e do barril de petróleo do mercado internacional e podem ser consultados na página da empresa. O valor do diesel na bomba também subiu na semana de greve em vez de cair. Segundo o IPC-S, nas quatro semanas encerradas em 22 de maio, o preço do diesel, na média nacional, subiu 4,53% (comparado às quatro semanas encerradas um mês antes, em 22 de abril).
No dia 31, porém, essa alta havia acelerado para 5,52%, indicando que, na última semana do mês, os preços subiram ainda mais e puxaram a média mensal para cima. Para o diesel, a FGV não fez o cálculo da variação semanal separadamente. “Isso vai ser uma queda de braço; a variação na refinaria não é a mesma que chega à bomba e temos que ver daqui para frente qual será o impacto das revisões que foram feitas”, disse Braz, da FGV. O governo fez acordo com os caminhoneiros para reduzir R$ 0,46 no preço do litro do diesel. A expectativa, agora, é ver se o valor cai na mesma proporção nos postos. Batata, cebola e tomate mais caros.
Os preços de alguns alimentos também fugiram da curva e tiveram um arranque rápido na semana passada. Entre os dias 21 e 28, o tomate subiu 16,7% em São Paulo, o quilo da cebola avançou 35,11% e a batata ficou 150% mais cara. “São os produtos mais procurados e, à medida que a oferta ia diminuindo, foi possível ver o aumento de preço”, afirmou Braz. “Batata e cebola ainda são produtos que resistem um pouco mais ao tempo, mas outros praticamente sumiram das prateleiras e ficou difícil até para fazer a pesquisa de preço”, disse o economista, citando produtos como couve e coentro.
Com informações do Uol Notícias