O cenário pré-eleitoral pode ser marcado, nos próximos dias, por um verdadeiro rebuliço na corrida à Presidência da República após o Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinalizar a empresários que poderá deixar o PSDB.
Leite, que foi derrotado nas prévias para o Governador de São Paulo, João Doria, é apontado como o perfil ideal para a chamada terceira via na corrida ao Palácio do Planalto. Doria saiu como o indicado do PSDB à sucessão presidencial, mas não conseguiu, nem consegue unir o ninho tucano, nem agregar outros partidos.
A costura para viabilização de uma candidatura alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é feita pelo presidente da Executiva Nacional do PSD, Gilberto Kassab, e tem a simpatia de muitos tucanos. O senador Tasso Jereissati é um dos entusiastas do estilo Leite de fazer política. O PSD tem sido, ao mesmo tempo, assediado pelo PT, mas Kassab já antecipou para o líder petista que, no primeiro turno, a sigla deve apresentar uma candidatura própria. O nome pode ser o de Eduardo Leite.
CAVALO ENCILHADO
Uma reportagem do Jornal O Estado de São Paulo destaca que o Governador do Rio Grande do Sul admitiu que pode ser candidato à Presidência da República e afirmou a empresários que tem “disposição” de apresentar um projeto alternativo e chegou a recorrer a uma imagem popular ao dizer que um “cavalo encilhado não passa duas vezes”.
Ao se aprofundar ainda mais nesse contexto político, Eduardo Leite foi mais longe: “De fato, estou sendo provocado novamente sobre o cenário nacional. Olha, passar um cavalo encilhado já não é fácil; passar dois, não dá para a gente desprezar”, disse o gaúcho, que, embora sem citação de nomes, certamente se referiu ao convite para se filiar ao PSD.
A expressão ‘cavalo encilhado’, bem característica do regionalismo gaúcho, significa dizer que uma grande oportunidade não aparece com frequência e é preciso ter sensibilidade para identificá-la e coragem para executá-la. O cotidiano da política do Nordeste e, especialmente, no Ceará, tem frase bem semelhante – cavalo selado não passa duas vezes na porta, daí, na primeira oportunidade, o político, com ousadia e coragem, não deve perdê-la.
Ao usar a expressão durante reunião na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), nessa sexta-feira, o governador Euardo Leite admitiu em “passar o bastão” no Estado, ou seja, renunciar ao mandato para tentar novos vôos na vida pública. Com as declarações, Eduardo Leite cria um novo fato na corrida à Presidência da República e pode dar uma chacoalhada no cenário pré-eleitoral.