Os governadores do Nordeste decidiram suspender a compra da vacina contra Covid-19 Sputnik V. A informação foi divulgada, nesta quinta-feira (5), pelo governador do Ceará, Camilo Santana. A informação foi repassada após a reunião entre o consórcio e o Fundo Soberano Russo. O acordo, que previa a compra de 37 milhões de doses da vacina foi suspenso pelo Governo da Rússia. O Ceará receberia 5,5 milhões dessas doses.
De acordo com Camilo Santana, a suspensão do acordo se deu devido as novas limitações impostas pela Anvisa e pelo Governo Federal, que desde o começo do processo de compra da Sputnik V “tem colocado barreiras para importação do imunizante”.
A Sputnik V está sendo usada em 69 países e tem eficácia comprovada de 91,6%. Segundo Camilo Santana, as barreiras colocadas pelo Governo Federal demonstram “lentidão no fornecimento de mais vacinas para os estados”. O Ceará busca, junto com o Instituto Butantã, a aquisição de mais de 3 milhões de doses da Coronavac.
“Diante da lentidão do Governo Federal no fornecimento de vacinas para os estados, temos buscado todas as formas de aquisição direto junto aos laboratórios para acelerar a vacinação, principalmente com a nova ameaça da variante Delta”, escreveu Camilo nas redes sociais.
O Ceará recebeu, nessa quarta-feira (04), mais 176 mil 260 doses de vacinas contra Covid-19. Foram 61 mil e 600 da CoronaVac e 114 mil e 600 doses da Pfizer. Mas a quantidade de vacinas contra Covid-19 que chegam ao Ceará não é proporcional à população quando comparadas aos outros estados brasileiros. Isso é o que mostra um documento divulgado, nessa quarta-feira, pela Secretaria de Saúde do Estado. O documento afirma que “foi detectado que não está havendo proporcionalidade em relação à população quando comparadas as Unidades Federadas”.
O Ceará é um dos estados do Brasil que menos recebe vacinas contra a Covid-19 do Ministério da Saúde. De acordo com o documento assinado pela Secretaria de Saúde, o Ceará recebeu o equivalente a 71,22% da sua população. Esse é o menor índice do Nordeste e o vigésimo terceiro do Brasil como um todo. E com base nisso, o Ministério Público do Ceará, o Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho entraram com uma Ação Civil Pública solicitaram o envio imediato de doses que deveriam ter sido encaminhadas ao estado.
A ação pede que seja enviado um total de 1 milhão 440 mil 932 doses adicionais de vacinas contra a Covid-19 para corrigir o déficit decorrente das doses enviadas a menos nos grupos prioritários de idosos e profissionais de saúde.
+Veja a publicação do governador Camilo Santana
A primeira entrega, de aproximadamente 1 milhão de doses para seis estados do Nordeste, estava prevista para acontecer semana passada.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no dia 4 de julho, com restrições, o pedido de importação excepcional das vacinas Sputnik V e Covaxin contra a Covid-19. A decisão valia apenas para lotes específicos de imunizantes trazidos de fora e não configura autorização de uso emergencial pela agência.
Em razão de “incertezas técnicas” presentes na documentação das vacinas Sputnik V e Covaxin, a Anvisa decidiu pela aprovação da importação, mas desde que fossem seguidos protocolos para uso controlado dos imunizantes.
No primeiro momento, a Anvisa autorizou a importação excepcional de doses da Sputnik V para seis estados do Nordeste e cada estado receberia uma quantidade suficiente para duas doses de 1% da população.