O governo conseguiu leiloar nesta segunda-feira, 24, 31 dos 35 lotes de linhas de transmissão de energia, com deságio médio de 36,47%. Os vencedores terão de investir R$ 12,7 bilhões na construção dos novos empreendimentos, cujos prazos das obras vão variar de 36 a 60 meses. O resultado revelou um forte apetite dos investidores (nacionais e estrangeiros) pelo setor, que vinha de uma série de fracassos nas concessões de transmissão.
O humor da iniciativa privada começou a mudar no ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mudou as regras do leilão. Além da revisão da receita anual permitida (RAP), os prazos de construção também foram alongados e os lotes, fatiados, para permitir a entrada de empreendedores menores. Foi o que ocorreu ontem. Sem a presença marcante das estatais e dos espanhóis, que lideravam as disputas do passado, houve espaço para todo o tipo de empresa.
Os maiores lotes foram arrematados por empresas tradicionais do setor de transmissão, como Taesa e Cteep, que venceram o lote de maior investimento do leilão. Com deságio de 33,25%, as duas empresas – que formaram o consórcio Columbia – aceitaram construir um conjunto de linhas no Paraná de R$ 1,9 bilhão. A Cteep, que ficou um tempo sem participar de leilões, desde que a MP 579 descapitalizou a empresa, arrematou mais quatro lotes em São Paulo e no Paraná.
Outras companhias de renome no setor, mas que atuavam nas áreas de geração e distribuição, também decidiram apostar na transmissão, de olho em retornos mais gordos. A Elektro, por exemplo, arrematou quatro lotes, que somam investimentos de R$ 866 milhões, e a Energisa, dois de R$ 625 milhões. A portuguesa EDP, que estreou no setor no ano passado, ganhou três lotes, num total de R$ 3,7 bilhões de investimentos.
O maior deságio, no entanto, veio de uma total desconhecida do Brasil. A indiana Sterlite Power Grid arrematou um lote de linhas e subestações no Rio Grande do Sul, com desconto de 58,87%. Empresas de outros setores também ganharam concessões no leilão de ontem em várias partes do Brasil.
Sem querer comemorar muito o resultado depois do histórico de atrasos nas obras do setor, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, destacou que o “desafio começa agora”, ou seja, que os empreendedores entreguem o que contrataram. “Infelizmente, este não tem sido um pequeno desafio, quer seja na transmissão ou geração, temos uma quantidade grande de empreendimentos em atraso.”
Apesar do comedimento, a Aneel já prepara os próximos certames. De acordo com o diretor da agência André Pepitone, estão previstos mais três leilões. O próximo deve ocorrer no segundo semestre.
Com informações O Estado de São Paulo