A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News para discutir seu plano de trabalho, nesta terça-feira (17), foi marcada pela obstrução feita por parlamentares ligados ao governo. Primeiro tentaram anular a sessão anterior e, em seguida, obstruíram a votação da ata dessa reunião.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) explicou que o partido não é contrário às investigações, mas que os objetivos da CPMI foram desvirtuados.

“Nós não podemos concordar com isso. Tem muitos vícios na origem. Eu concordo que todos queremos jogar luz no tema, mas você não pode jogar luz quando tudo começa de forma sombria e obscura. Daí porque a nossa indignação, a nossa insatisfação e o nosso trabalho de obstrução. Para protegermos a verdade. “

A deputada Caroline de Toni (PSL-SC) disse que o “circo está armado” contra o presidente Jair Bolsonaro.

A deputada Luizianne Lins (PT-CE) criticou a obstrução.

“Não estou conseguindo entender essa lógica de você obstruir uma CPMI que foi deliberada pela Câmara e pelo Senado. Ou seja, deputados e senadores de acordo. Totalmente dentro da legalidade e as pessoas estão obstruindo para que não seja investigado. Então não deveriam estar na CPMI. “

Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) ressaltou que a comissão só foi instalada porque os objetivos estavam claros.

“Eu não sei o que assusta tanto os deputados do PSL e o próprio governo em avançar nessa discussão. Será que há algum temor de que haja alguém do governo envolvido em algum processo de fake news? Será que é essa a preocupação?”, indagou.

O deputado Filipe Barros (PSL-PR) rebateu dizendo que o candidato do PT nas eleições presidenciais teria sido condenado por fake news.

“Eles falam, falam, falam que o PSL tem medo que seja investigado. Que o Bolsonaro isso, o PSL aquilo (…) Mas vamos aos fatos. Quem foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por divulgação de notícias mentirosas foi o candidato Haddad. “

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) afirmou que Fernando Haddad foi condenado por impulsionar notícias negativas contra Jair Bolsonaro, mas que a decisão não diz que elas são falsas.

Ameaças

O senador Humberto Costa (PT-PE) informou aos colegas que o presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), recebeu ameaças de morte pelo trabalho na comissão.

Por causa da obstrução, a relatora da comissão, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), apenas leu sua proposta de plano de trabalho, mas ela não pode ser discutida e votada.

Pelo plano, a relatora pretende fazer um encontro na semana que vem para dizer o que deve ser caracterizado como fake news. Em outubro, ele prevê um debate sobre cyberbullying, crimes de ódio e suicídio.

 

 

 

 

 

 

(*)com informação da Câmara Federal