O presidente Jair Bolsonaro tenta mudar o estilo de fazer política, mas determinadas medidas encontram rejeição entre aliados que o apoiam no Congresso Nacional. A cobrança do Palácio do Planalto para o deputado federal ou senador que indicar um ocupante de cargo assinar um documento se responsabilizando pelo afilhado político caiu como uma bomba.
A estratégia política ganhou repercussão nesse final de semana que antecede o início da batalha que o Governo precisa travar para aprovar a reforma previdenciária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal. O recado é bem claro: o governo quer que deputados deixem suas digitais nas indicações feitas para preenchimento dos cargos de segundo e terceiro escalões.
A ideia é que os parlamentares assinem uma planilha, ao lado dos nomes de seus afilhados políticos, para que possam ser cobrados, caso eles venham a se envolver em alguma irregularidade após assumir o posto. Os deputados já têm em mãos a lista de cargos disponíveis para nomeações nos estados, mas não demonstram muito ânimo para preenchê-los.
Os cargos sem maior expressão não despertam interesse dos parlamentares. O governo nega, mas, entre os aliados, há um sentimento: o preenchimento das vagas é um gesto para a conquista de apoio à reforma da Previdência, considerada fundamental para o ajuste das contas públicas.
Além da inexpressão dos cargos, a exigência para que os políticos coloquem suas assinaturas nas indicações, desagradou ainda mais os congressistas. Os deputados federais Genecias Noronha (SD), Domingos Neto (PSD), Moses Rodrigues (MDB) e Jaziel Pereira (PR), que esperam uma fatia de cargos do Governo Federal no Ceará por serem aliados ao Palácio do Planalto, estão entre os parlamentares com rejeição à exigência da digital na indicação de apadrinhados políticos.
Segundo reportagem do Jornal O Estado de S.Paulo, auxiliares do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, argumentam que os aliados também precisam arcar com o ônus de ser governo. Além de assumir a responsabilidade pelo apadrinhado, a assinatura também garante ao governo uma prova de que o deputado participa efetivamente de sua base de apoio e, portanto, poderá ser cobrado em votações de interesse do Executivo.