Grande parte das 500 maiores empresas dos Estados Unidos (EUA) pretendem cumprir as metas ambientais do Acordo de Paris para ser mais eficazes e combater as mudanças climáticas, apesar de o presidente Donald Trump, parecer decidido a abandonar o pacto. Segundo a agência EFE, essa postura foi confirmada nesta terça-feira (25) pelo Fundo Mundial para a Vida Selvagem (World Wildlife Fund – WWF) que, junto com outros grupos ambientalistas, publicou o relatório Power Forward 3.0, que analisa os esforços e o compromisso com o meio ambiente das empresas listadas pela revista Fortune como as 500 maiores corporações dos EUA.

De acordo com o estudo, no ano passado, quase à metade o número dessas companhias evitaram a emissão de mais de 155 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono na atmosfera, o que equivale a eliminar a contaminação anual de 45 centrais elétricas que utilizam carvão. Essa aposta em energias limpas também representou para as empresas uma economia de US$ 3,7 bilhões por ano.

Para o WWF, tais dados demonstram que o setor privado americano está avançando na transição para uma economia de baixo carbono, com energia limpa e eficácia energética, o que aproxima o país das metas do Acordo de Paris, “apesar da atitude contrária do governo Trump”.

“A energia limpa está alimentando oportunidades econômicas de costa a costa [nos EUA], independentemente da ideologia do partido que governa cada estado”, disse o diretor do Departamento de Clima e Energias Renováveis do WWF, Marty Spitzer. “As políticas de Washington podem atrasar este auge, mas essas companhias estão deixando claro que é inevitável a transição para uma economia de baixo carbono.”

Quase metade das empresas da lista Fortune 500 de 2016 fixaram metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a eficiência energética e aumentar a fonte de energia renovável em 5%, em comparação ao último relatório, feito há dois anos.

Lideranças

O WWF destacou que 63% das 100 maiores empresas dos EUA lideraram os esforços para se tornarem mais limpas, enquanto as 100 menores do ranking também mostraram melhoria importante, e as companhias energéticas, entre as quais está a maioria das empresas de petróleo e gás, registraram as porcentagens mais baixas de compromisso verde.

Apenas 11% do setor da energia estabeleceu objetivos ecológicos, o que, segundo o estudo, evidenciou um retrocesso de 14 pontos em relação a 2014.

No entanto, no outro lado do espectro, situou-se o setor de bens de consumo, com 72% de suas empresas com objetivos estabelecidos, seguido de perto pelas indústrias de materiais, serviços, manufatura, tecnologia e telecomunicações.

Objetivos climáticos e energéticos

Em geral, 48% dos integrantes da lista Fortune 500 contaram, desde o ano passado, com objetivos climáticos e energéticos, 5% a mais que no relatório anterior, e os cumprem. Quase a mesma porcentagem, “atraída pela queda dos custos da energia renovável”, comprometeu-se a impulsionar todas suas operações corporativas com energia limpa, principalmente eólica e solar, o que, anos atrás, seria uma exceção.

“As empresas americanas estão liderando a transição para uma economia limpa, porque esse é um negócio inteligente e é o que os clientes exigem”, disse Spitzer. Em média, as companhias informaram ter alcançado ou superado 81% de seus objetivos a tempo, o que significou redução real das emissões.

Para o WWF, as empresas devem continuar com esses esforços e estabelecer e implementar metas científicas para reduzir as emissões de gases e aumentar a energia renovável e a eficiência energética em suas operações, além de estabelecer “objetivos ambiciosos”.

Segundo o estudo, as empresas deveriam acelerar a implementação e contratação de energia eólica e solar antes que se reduzam, nos próximos anos, os incentivos fiscais federais para ambas as tecnologias, o que pode ocorrer no governo Trump.

As organizações ambientalistas também recomendaram que as empresas sejam mais transparentes na divulgação de suas emissões e seus objetivos, assim como nas implicações financeiras de suas medidas.