No Rio de Janeiro, o candidato pelo PT à Presidência da República Fernando Haddad justificou hoje (23) ter chamado o candidato a vice presidente pelo PSL general Hamilton Mourão de “torturador”, ao dizer que se baseou em uma declaração equivocada do cantor Geraldo Azevedo. Ele disse que achou que sua fonte de informação era “fidedigna” e que estava prestando solidariedade ao artista que foi preso e torturado durante a ditadura.
“Dei ao público uma informação que chegou a mim de uma fonte fidedigna. Geraldo Azevedo realmente foi torturado e realmente disse que tinha sido torturado pelo Mourão. Eu me solidarizo com ele porque todas as pessoas que foram torturadas estão sujeitas a ter esse tipo de confusão mental. Ele foi vítima de violência extrema. Mas o esclarecimento dele também tem que ser dado ao público”, disse Haddad.
No sábado (20), durante show em Jacobina, na Bahia, Azevedo fez a acusação contra Mourão. “É uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura. Fui torturado. Você não sabe o que é tortura, não. Esse Mourão era um dos torturadores lá. Eu fico impressionado com o brasileiro não prestar atenção nas evoluções humanas”. Hoje Azevedo pediu desculpas e disse que havia se equivocado.
Haddad disse que levar ao público o desmentido é uma prova de boa fé. “Eu dei a fonte. Eu não peguei empresários corruptos com dinheiro sujo para soltar essas afirmações na internet. Falei com a cara limpa em um programa e foi esclarecido. Isso não tira o fato de que o Mourão, quando passou para a reserva, disse com todas as letras que o torturador Ustra era uma de suas referências.”
O candidato do PT acusou o adversário Jair Bolsonaro (PSL) de insistir na veiculação de mentiras a seu respeito. Segundo ele, após a denúncia sobre a existência de um esquema financiado por empresários para o envio em massa via Whatsapp de notícias falsas anti-PT, houve uma redução na circulação de fake news nas redes sociais.
“Agora ele [Bolsonaro] está usando o próprio programa de TV para mentir. Ele está dizendo, por exemplo, que eu sou ateu, sendo que eu casei na Igreja e meus dois filhos são batizados. É a prática dele e ninguém cobra,” disse o candidato.
Haddad passa esta terça-feira no Rio de Janeiro onde tem encontros com evangélicos, católicos e judeus. Inicialmente, a reunião foi com líderes evangélicos no hotel Porto Bay, em Copacabana. Ele também vai conversar com o cardeal arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, no Palácio São Joaquim, na Glória e, em seguida, irá à comunidade judaica no Association Sholem Aleichem, em Botafogo. À noite, ele participa de ato político nos Arcos da Lapa.
“Serei o presidente dos cristãos, dos judeus, dos ateus, porque não tenho nenhum preconceito contra outras crenças. Mas mentira é algo intolerável. Como diz a bíblia, a mentira é coisa do diabo.”
Haddad demonstrou preocupação sobre um vídeo que circula nas redes sociais em que um dos filhos de Bolsonaro mencionaria uma ação armada entre Brasil e Venezuela. “Recebi um vídeo de um discurso, que precisa ser checado, mas supostamente do filho do Bolsonaro dizendo que uma das primeiras providências seria derrubar o governo Maduro. Pela hostilidade que ele manifesta em relação a este vizinho particular, quero crer que possa ter algum fundamento. O Brasil está a 140 anos sem conflito com seus vizinhos. O último foi no século 19.”.
Segundo o petista, as preocupações com uma possível escalada armamentista na região contrasta com a tradição do Brasil de apostar na cooperação e rejeitar posturas imperialistas. “Deveríamos estar pensando em ajudar a Venezuela a sair da crise. Não pensando em tomar lado e derrubar governos.”
Haddad afirmou que confia na sua vitória no próximo dia 28. “Para quem está em campanha a apenas 45 dias, os resultados são extraordinários. Estamos no segundo turno e todas as pesquisas me dão mais de 40% das intenções de voto. Entre 42% e 47%, portanto temos chance de criar uma onda favorável até domingo, que é o que pretendemos fazer.”
Com informações Agencia Brasil