O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), da rede pública do Governo do Ceará, garante à população, há quatro anos, o serviço especializado de identificação de pessoas com tipos sanguíneos raríssimos. Atualmente, o Banco de Sangue de Doadores Raros do Hemoce tem 80 doadores de sangue que apresentam diferentes tipos sanguíneos raros no mundo.
Cada vez que um voluntário doa sangue no Hemoce, as amostras coletadas são avaliadas pelo laboratório de Imuno-Hematologia. O material colhido passa por um processo de análise e testes que incluem tipagem ABO e RH e pesquisa de anticorpos irregulares. “Durante as análises, ficamos atentos às células do sangue, se existem fenótipos raros e anticorpos irregulares. Ao longo dos quatro anos de implantação do banco, conseguimos identificar que 80 doadores de sangue do Hemoce possuem tipos sanguíneos raros”, afirma Denise Brunetta, coordenadora do laboratório de Imuno-hematologia do Hemoce. Toda a triagem imuno-hematológica do doador de sangue da hemorrede pública do Ceará é feita no laboratório especializado do Hemoce, em Fortaleza, utilizando equipamento de alta tecnologia. São 41 profissionais da saúde entre médicos, bioquímicos, biólogos, técnicos de enfermagem, biomédicos, técnicos e auxiliares de laboratório envolvidos na identificação de doadores com fenótipos raros. Desde a implantação do banco, nove fenótipos raros foram detectados, entre eles o fenótipo Bombay, raríssimo no mundo. As informações sobre os doadores raros ficam disponíveis no Banco de Sangue do Hemoce, que repassa para o Cadastro Nacional de Sangue Raro do Ministério da Saúde. Esses doadores são orientados a não realizar doação de sangue com regularidade para ficar disponíveis para situações de emergência, como a que aconteceu na última quarta-feira, 12 de julho. Uma criança de 1 ano e 3 meses, residente em Medellín, na Colômbia, teve a vida salva graças à compatibilidade de sangue com um doador do Ceará que também tem o fenótipo Bombay, tipo sanguíneo considerado raríssimo. No Brasil, somente 11 famílias possuem esse fenótipo. O doador cearense faz parte de uma dessas famílias. Pioneirismo O Ceará foi o primeiro estado brasileiro a enviar sangue raro para outro país. A bolsa de sangue com aproximadamente 350 ml de sangue, cruzou fronteiras e atravessou mais de quatro mil quilômetros para chegar até Medellín. Desde que o Hemocentro foi comunicado da necessidade da transfusão, no dia 7 de julho, médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes sociais e outros funcionários do Hemoce correram contra o tempo para viabilizar a doação de sangue, que ocorreu no dia seguinte, 8 de julho. Dois dias depois, a bolsa foi liberada e seguiu para a Colômbia, em 10 de julho. Após a realização de testes de compatibilidade feitos com as amostras do doador e da paciente, a menina recebeu a transfusão no dia 12 de julho e, de acordo com informações da Colômbia, a criança passa bem. Cadastro Nacional de Sangue Raro Desde a implantação do Cadastro Nacional de Sangue Raro, em 2014, essa foi a primeira vez que ocorreu o fornecimento de uma bolsa de sangue raro para outro país. A Coordenação-Geral de Sangue Hemoderivado (CGSH) disponibiliza consulta ao Cadastro Nacional de Sangue Raro para os serviços de hemoterapia no Brasil. A atividade é operacionalizada pelo Hemocentro da Unicamp, que centraliza as informações dos doadores de sangue considerados raros em todo o país. Entre 2015 e julho de 2017, a CGSH recebeu 25 solicitações de consulta ao Cadastro Nacional de Sangue Raro. Neste ano, até agora, foram nove solicitações. Destas, 100% foram atendidas e os serviços de hemoterapia solicitantes obtiveram retorno com a indicação dos hemocentros que possuíam doadores compatíveis. Com informação do Governo do Estado do Ceará |