Mais de um milhão de brasileiros tiveram hepatite C em 2017, o que corresponde a 11,9 casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde. Foram notificados 24,4 mil novos infectados, número inferior aos 28,4 mil do ano anterior. Esse tipo de doença é a mais grave, pois causa lesão no fígado, e a com maior incidência no país.

Diante dos números, a Pasta da Saúde anunciou nessa sexta-feira, 6, projeto para erradicar a doença até 2030. O plano prevê a redução das etapas para diagnóstico e a ampliação da testagem em grupos considerados prioritários, como pessoas vivendo com HIV/Aids, pacientes que fazem diálise, usuários de drogas e bebês de mães que têm hepatite C. A previsão é atender 50 mil pacientes por ano, entre 2019 e 2024, o que significa o adiamento da meta estipulada para começar neste ano. Até dezembro devem ser entregues tratamentos para 19 mil pacientes.

A diretora do Departamento de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, atribui a mudança do cronograma ao atraso na publicação de um documento que seria indispensável para o início do processo de compras, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas. O manual, com indicações de como deve ser feito o tratamento, foi lançado em março.

“Todos os diagnosticados com a hepatite C têm acesso a tratamento. Precisamos chamar a atenção de que é necessário fazer o teste. É uma doença silenciosa, não apresenta sintomas e a pessoa pode não saber que está infectada. É a que tem maior taxa de mortalidade. As crianças precisam ser vacinadas contra hepatite A e B — não existe vacina contra a C”, alerta.

Segundo ela, o tratamento disponível no SUS e a prevenção possibilitam mais de 90% de chances de cura. Adele explica que a testagem é feita no SUS para os tipos B e C. “O maior desafio é encontrar essas pessoas que estão infectadas. Por isso, simplificamos o diagnóstico, investimos no teste rápido com foco na população-alvo.”

O secretário de Vigilância em Saúde, Osnei Okumoto, ressalta que é importante o acesso à informação. “É necessário que procure o centro de saúde para a testagem rápida e lembre do preservativo, não há vacina para o tipo C e tanto este, como os outros tipos, são transmitidos sexualmente. É uma doença agressiva que pode levar à morte” ressalta.

A vacina contra o tipo A está disponível no SUS para crianças de 1 ano e 3 meses a 5 anos. Para o tipo B, a imunização é feita em quatro doses: ao nascer, com 2, 4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses de hepatite B e as duas de hepatite A para que a vacinação possa ser considerada completa. No ano passado, houve 6,5 casos por 100 mil habitantes de hepatite B e um caso por 100 mil do tipo A. A enfermidade é transmitida por sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de agulhas ou instrumentos cortantes e é prevalente em adultos com mais de 40 anos.

A região Sul foi a que apresentou maior taxa de infecção do tipo B, seguida pelo Sudeste, Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Entre as cidades, Porto Alegre aparece em primeiro, seguida de São Paulo e Florianópolis. A menor taxa desse tipo foi registrada em Brasília, com 4,2 casos para cada 100 mil habitantes. A hepatite A é transmitida pela água e alimentos contaminados, a incidência se concentra nas regiões Nordeste e Norte, com 56,2% de todos os casos confirmados. No entanto, foi no Sudeste, onde a doença mais do que dobrou entre homens de 20 a 39 anos. Em São Paulo, o número pulou de 155 casos em 2016 para 1.108 no ano passado, sendo que 701 ocorreram na capital.

Com informações do Jornal Correio Braziliense