Eles são conhecidos como “homens-peixe”. E não é para menos: os membros da tribo Badjao conseguem prender a respiração no mar por até incríveis 13 minutos. Porém, agora, eles correm o risco de desaparecer.

Os Badjao vivem em palafitas na província outrora isolada de Tawi Tawi (Filipinas). O povo aperfeiçoou a arte do mergulho livre ao longo de inúmeras gerações. Alguns membros passam cinco horas do dia debaixo d’água, caçando. Santarawi Lalisan, de 85 anos, contou que as crianças Badjao aprendem a mergulhar praticamente desde o nascimento, antes mesmo de andar. Pesquisadores dizem que os Badjao consegue prender a respiração por muito mais tempo do que a média dos humanos. Seu sangue retém mais oxigênio, como resultado de uma mutação única no baço, que torna o órgão maior, que funciona como um “tanque de mergulho biológico”.

Mas a incrível habilidade pode estar com os dias contados. Em parte por causa da poluição trazida pelo “progresso” a Tawi Tawi. Em outra parte, por que muitos Badjao estão aderindo a um estilo ocidentalizado de vida.

Os Badjao vivem em palafitas — Foto: Reprodução/YouTube
Os Badjao vivem em palafitas — Foto: Reprodução/YouTube

“Chegou aqui muito plástico porque hoje os Badjao vão ao supermercado e aqui usam plástico e não mais papel. Antigamente os Badjao só usavam papel na hora de comprar alguma coisa”, reclamou Santarawi, de acordo com o “Daily Star”.

Com menos prática, diminui o tempo em que muitos Badjao conseguem ficar sem respirar debaixo d’água.

A tradição milenar é mantida pelos mais velhos. São os que resistem à “extinção” se apegando aos velhos hábitos, praticando pesca submarina em maratonas de mergulho e usando óculos de natação de madeira feitos em casa que usam vidro de garrafas quebradas como lentes.

“Meu pai me ensinou que aconteça o que acontecer debaixo d’água, tenho que resistir e prender a respiração, não importa o que aconteça. Na minha cabeça eu sempre me pergunto se conseguirei voltar. Então confio em Deus e que ele me devolva a vida quando eu voltar à superfície”, declarou Santarawi, que ainda usa o arpão e os óculos do pai.

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Membros dos Badjao em mergulho nas Filipinas — Foto: Reprodução/YouTube
Membros dos Badjao em mergulho nas Filipinas — Foto: Reprodução/YouTube

“Antigamente, quando os nossos pais iam pescar, procurávamos estar o mais atentos possível para aprender com eles porque sabíamos que um dia seria a nossa vez de ir buscar comida para as nossas famílias. É por isso que quando vamos pescar é um momento sagrado para nós, porque nos conecta aos nossos antepassados”, acrescentou ele.

A ligação aos antepassados, entretanto, seduz cada vez menos os Badjao.

“Eu sou um verdadeiro Badjao. Pego um pouco de água para beber e depois vou para o mar. Antes de mergulhar tomo outro gole, mas desta vez de água salgada para me sentir em sintonia com o mar, e depois mergulho. Viver no mar é a única coisa que pode me fazer feliz, até o fim dos meus dias”, finalizou o idoso, que ainda consegue ficar cinco minutos sem respirar buscando peixes nos corais.

(*)com informação do Jornal Extra