O Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), do Governo do Ceará, no mês de abril, zerou a fila de espera para cirurgias de correção de fissuras no lábio e palato, mais conhecida como lábio leporino. “É um presente para nós do Albert Sabin, mas principalmente para as mães, numa semana mais do que especial, a semana em que se celebra o Dia das Mães. Elas que lutam tanto pela saúde de seus filhos. Nossa demanda agora é diferente”, disse a diretora geral do Hias, Marfisa de Melo Portela.
Segundo o Núcleo de Atendimento Integrado ao Fissurado (Naif) do Hias, a demanda atualmente é de recém-nascidos. Crianças que precisam atingir a idade mínima necessária para realizar os procedimentos. “Para fazer a cirurgia do lábio, de acordo com nosso novo protocolo, a criança tem de ter, pelo menos, oito meses de vida. E para a correção do palato, pelo menos um ano e meio. Esta é nossa demanda hoje”, explicou a assistente social do Naif, Regina Celli Lima Barreto.
Ainda de acordo com Regina, até 2016, as filas de espera chegavam a somar mais de 100 crianças e adolescentes. “Havia uma grande demanda nessa questão das cirurgias. Foi necessário um trabalho conjunto do Albert Sabin, que já trata e opera essas crianças rotineiramente, com cirurgiões especialistas. Com a equipe da Operação Sorriso, que realiza mais de 70 cirurgias em cada mutirão (anual)”, explicou.
Os dados do Naif mostram que, desde a formação do Núcleo, em 2001, 3.116 pacientes de lábio leporino foram, ou são, acompanhados e tratados pelo Hias. Atualmente, a média de cirurgias realizadas mensalmente para correção de fissuras é de 32, e, uma média de oito novos pacientes por mês têm sido cadastrados desde janeiro de 2017.
Tratamento
Regina explica que, apesar de parte dos pacientes atendidos pelo Hias serem encaminhados já a partir das maternidades, a procura pelo tratamento é livre. “Então, os pais que têm crianças com fissuras labiopalatais podem nos telefonar através do 3101.4214 e podem agendar aqui com serviço social, ou podem procurar o Albert Sabin de forma livre para marcação de consulta”, disse.
Os pais e responsáveis devem trazer a certidão de nascimento do paciente, comprovante de residência e, o acompanhante, deve apresentar um documento oficial de identificação. O Naif funciona de segunda a sexta-feira, em dois expedientes, manhã e tarde. “Aqui se faz o cadastro, e a partir daí, orienta-se todo o tratamento. Marcamos todas as consultas e encaminhamos para o setor de fono para avaliação”, afirmou.
Nesta quinta-feira (11), a empregada doméstica Maria Débora Ferreira de Moraes, de 20 anos, veio trazer a filha Liz, de apenas um mês de idade para o primeiro encontro com a assistência social. A família veio de Ipu, a 257 km de Fortaleza, somente para orientação. “Eu soube que ela ia ter a fissura quando fiz ultrassom, no meu oitavo mês. É difícil, fiquei desesperada, eu não entendia, aí os médicos me explicaram. Fui na internet, mas fiquei muito preocupada. Fazer cirurgia tão pequenininho”,contou Débora.
“Agora estou mais calma, aqui no Sabin me explicaram tudo. Ela vai fazer todo o tratamento, é só não faltar. Esse é meu primeiro presente do Dia das Mães”, disse a mãe de Liz. Apesar de ter apenas um mês, a pequena paciente já terá todas as consultas e exames marcados para poder fazer a primeira cirurgia, além da orientação recebida pela mãe para os cuidados do bebê.
Novo ciclo
Agora que a demanda do Albert Sabin mudou, o esforço será pela realização de um novo ciclo. “Tanto o hospital, quanto a Operação Sorriso, poderá focar numa ‘finalização’ do tratamento desses pacientes, com cirurgias plásticas, cirurgias de enxerto”, disse a diretora do Hias, Marfisa de Melo Portela.
A adolescente Yasmin Abreu de Sousa, de 14 anos, já está sendo beneficiada por essa nova fase de cirurgias, a qual também já faz parte dos quadros de rotina do Albert Sabin. “Dia 18 (de maio) ela vai fazer uma cirurgia plástica no nariz, viemos mostrar os exames. Ela faz tratamento aqui desde que nasceu. (…) Com seis meses fez a correção do lábio na Operação Sorriso, com três anos operou o palato e ainda fez um terceira cirurgia por causa de um fissura no nariz”, contou a mãe, Elisabeth Pereira de Abreu.
Yasmim disse estar nervosa por causa do novo procedimento, mas garantiu que não vai desistir. Com as fissuras da filha constatadas somente após o parto, a mãe, Elisabeth, disse ter tido dificuldades no início com a alimentação da filha. “Fiz vários ultrassons e nunca apareceu problema, fiquei sabendo na hora que ela nasceu. Aqui aprendi a como alimentar e fiquei alegre por saber que tinha conserto. Ela teve acompanhamento de fonoaudióloga, pediatra e com dentista. Parece até que vai pôr a prótese depois da plástica”, contou a mãe, animada.
Com informação da A.I