Nesta semana, celebrou-se o Dia de Finados. Mais precisamente, nessa quinta-feira (2). É nesta data em que muitas pessoas homenageiam entes queridos que já se foram. A data remete aos momentos de perda daqueles que amamos e leva a reflexões sobre a importância que os outros exercem sobre nossas vidas.
A morte é uma certeza inevitável da vida. Mesmo assim, o luto é um dos processos mais dolorosos para a maioria das pessoas. É o que afirma a psicóloga Juliana Murta, coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Ela explica que o luto é um processo que necessita de elaboração e a forma como lidamos culturalmente com a morte acaba dificultando a maneira de passarmos por ele.
“O enlutado precisa de atenção e cuidado e, quando falamos em luto, podemos remeter tanto às pessoas que faleceram quanto às perdas que ocorrem ao longo da nossa vida, que são os pequenos lutos que vamos vivenciando. No entanto, ele precisa ser vivido”, ressalta Murta.
Fases do luto
Existem alguns estágios pelos quais o indivíduo que está passando pelo período de luto pode experimentar. O primeiro deles é a negação. No segundo estágio podem surgir sentimentos de raiva, revolta e ressentimentos. O terceiro é a barganha, no qual a pessoa começa a “negociar” essa dor, pensando no que poderia ter sido feito de diferente e o que foi cometido de errado em relação às situações do passado. O estágio seguinte seria a depressão, com uma tristeza mais intensa, angústia e choro. O quinto estágio, quando as coisas começam a caminhar de forma mais tranquila, é a aceitação, trazendo um novo significado tanto para a perda quanto para a vida futura.
Plantão Psicológico do HSM atende pacientes que estão vivenciando luto complicado
De acordo com a psicóloga, é necessário passar por todas essas fases e conseguir ressignificar o luto. A especialista afirma que os familiares e amigos também podem ajudar o enlutado com acolhida, afago e companhia. “Esse acolhimento pode ser através de um abraço, de uma escuta, do cuidado com o que se diz e até na ajuda doméstica, dando apoio no preparo da alimentação e rotina da casa, pois a depender do processo de luto, a pessoa deixa de fazer até as coisas básicas”, orienta Juliana.
Luto normal x luto patológico
O psiquiatra e diretor clínico do HSM, Helder Gomes, esclarece que o tempo de duração do luto é particular. Para algumas pessoas pode demorar meses, para outras pode levar alguns anos. Mas considera-se que o primeiro ano seja o mais difícil. “Após a morte de um familiar ou de um amigo são normais os sentimentos de angústia, tristeza, choro frequente, dificuldade para adormecer, falta de apetite, mal-estar e até tremores pelo corpo. No luto considerado normal, esses sintomas vão sendo amenizados ao longo do primeiro ano de morte de um ente querido”, frisa Gomes.
Para melhorar os sintomas do luto, uma das principais indicações é aguardar o tempo. “Quanto mais o tempo passa, os sentimentos que eram negativos vão se tornando positivos e as lembranças boas da pessoa falecida tornam-se a principal condição futura. É recomendado também que as pessoas que tenham perdido alguém usem estratégias para enfrentar esse momento difícil. O período de luto é normal e precisa ser vivenciado por alguém que teve uma perda importante”, alerta.
Segundo o especialista, o mais preocupante é o luto patológico, aquele luto mais prolongado e com sintomas graves, como alucinações com a pessoa que partiu, desejo que a pessoa volte, negação, perda do interesse por atividades rotineiras, desânimo, solidão, insônia e afastamento das lembranças da pessoa falecida.
“Nesses casos, indicamos o acompanhamento profissional, uso de antidepressivos para que haja o restabelecimento da saúde mental de forma mais rápida e com mais qualidade de vida, além da psicoterapia. Os fatores que podem contribuir com esse tipo de luto estão ligados às questões que envolvem o relacionamento com a pessoa falecida, a forma que ela morreu, além da personalidade da pessoa que está sofrendo esse luto”, esclarece o psiquiatra.
Atendimentos no HSM
No Hospital de Saúde Mental, o ambulatório geral atende pacientes que estão em sofrimento por luto patológico. Para ter acesso ao atendimento, é necessário apresentar um encaminhamento médico.
Outro serviço oferecido pelo HSM é o Plantão Psicológico, que atende por demanda espontânea e é voltado para as pessoas que estão experimentando períodos de perdas recentes e, principalmente, para os que estão vivenciando um luto complicado.
“Se você está passando por um luto complicado, com muitos sintomas físicos relacionados a esse luto e precisando de um apoio psicológico, pode procurar, por meio da emergência, o plantão psicológico. O atendimento é focado em tirar o paciente da crise e, junto com ele, pensar nos próximos passos para lidar melhor com esse momento”, frisa.
O atendimento do Plantão Psicológico do HSM faz parte do serviço emergencial do hospital e funciona de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h.
Serviço:
Plantão Psicológico do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto
Atendimento: segunda a sexta-feira, das 13h às 18h
Endereço: Rua Vicente Nobre Macêdo, S/N, Messejana – Fortaleza – CE
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará