O papel da família é fundamental para o tratamento de pessoas com transtornos mentais. No Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Ceará, familiares de pacientes recebem todas as orientações necessárias para lidar com diferentes situações.
“Muitas vezes, o paciente não tem uma percepção adequada do transtorno que ele vem passando. O paciente deprimido grave, por exemplo, não tem energia e nem força para buscar esse atendimento e é justamente a família que consegue ajudar o paciente a iniciar o tratamento”, enfatiza o psiquiatra e diretor clínico do HSM, Helder Gomes. Para Raimundo Nascimento (nome fictício), 64, o suporte tem sido fundamental.
O porteiro é pai de um garoto de oito anos diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e vem sendo acompanhado pelo Núcleo de Atenção à Infância e à Adolescência (NAIA) do HSM. “Antes, eu não sabia como lidar com o transtorno do meu filho, não tinha conhecimento e nem muita paciência. Mas, com a ajuda dos profissionais do hospital, eu passei a cuidar melhor dele, entendendo toda a situação e a cuidar melhor de mim”, declara.
A coordenadora do Serviço Social do HSM, Maria Delfino, ressalta a importância do acompanhamento aos familiares.
“Compreender o sofrimento da família é parte do processo de cuidado com o paciente. Por isso, desenvolvemos diversas ações direcionadas aos familiares e cuidadores, no sentido de inseri-los no processo de estabilização dos pacientes”, afirma.
No HSM, a família do paciente é convidada a participar de reuniões com assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras. Os profissionais fornecem orientações para que os familiares possam lidar com os problemas emocionais dos entes queridos e deles próprios. O Serviço social do hospital também repassa informações fundamentais para a rotina dos pacientes.
“Aqui também informamos sobre os acessos aos principais direitos do cuidador e do paciente, como aquisição de passe livre para se deslocarem das suas residências até as consultas, direitos previdenciários, entre outros”, pontua Gabriela Alcântara, assistente social do HSM. A cozinheira Talita Rodrigues (nome fictício), 40, está internada no HSM há 12 dias. Ela conta que chegou à unidade com um quadro de depressão e agressividade.
Com o acompanhamento da equipe do hospital, ela revela que já se sente melhor, mais equilibrada e segura para voltar para casa.
“Eu estava muito agressiva com minha família, com pensamentos suicidas, tinha delírios e alucinações. Agora estou bem e pronta para voltar para casa. Só estou aguardando receber alta para passar a virada do ano com minha mãe e meus filhos, fazer um churrasco delicioso e poder ficar em paz com eles. Tudo o que eu desejo para 2021 é saúde e união com minha família”, revela.
De acordo com o psiquiatra Helder Gomes, na maioria das vezes, o suporte da família pode evitar internações ou, até mesmo, o reaparecimento de sintomas.
“Ao perceber os primeiros sintomas deve-se procurar atendimento especializado. Os pacientes que já são acompanhados por psiquiatras devem ser estimulados a tomar a medicação prescrita de forma correta. Nesse período de fim de ano, com as confraternizações, se torna ainda mais importante a presença e apoio dos familiares nesse processo de recuperação da saúde mental”, alerta.
(*)com informação do Governo do Estado do Ceará