Para analisar a questão indígena atual no Ceará e no País, apresentar as culturas indígenas do Estado e fomentar o planejamento de ações destinadas a garantir os direitos constitucionais e projetos coletivos indígenas, acontece a partir desta segunda-feira, 17 de abril a I Semana dos Povos Indígenas na Universidade Federal do Ceará. A programação prossegue até o dia 20 de abril.

Com mesas-redondas compostas por representantes dos povos indígenas, pesquisadores e extensionistas das temáticas afins, organizações governamentais e não governamentais que atuam no campo indigenista no Ceará, a Semana visa consolidar a UFC como universidade sensibilizada e comprometida com a inclusão social dos povos indígenas.

A ideia também é ampliar a visibilidade e articulação das ações que já vêm sendo realizadas pela Universidade nesse campo. Também estão na programação do evento mostra artístico-cultural de música, dança, artesanato e outros produtos realizados por indígenas e artistas convidados.

O evento será realizado em três espaços: o auditório Valnir Chagas, da Faculdade de Educação; o auditório Luiz de Gonzaga, do Departamento de Ciências Sociais, no Benfica; e o Anfiteatro Willis Santiago Guerra, da Faculdade de Direito, no Centro. Entre os grandes temas em discussão estão “A arte de ser índio no Ceará”, “O ser índio no Ceará sob o olhar da pesquisa científica”, “Vida e luta pela terra dos povos indígenas no Ceará” e “O direito do ser índio no Ceará: conquistas, desafios, perspectivas”.

Indígenas na UFC

No Ceará, o movimento indígena ganha força a partir dos anos de 1980. Na década seguinte, têm início as primeiras campanhas pela demarcação de algumas terras indígenas: a dos Tapeba, Tremembé de Almofala, Pitaguary e Jenipapo-Kanindé. Resultados do desdobramento da luta pela terra, começam também os protestos por educação escolar diferenciada e assistência à saúde que considerassem as especificidades socioculturais dos indígenas.

A UFC, no entanto, já iniciara sua aproximação com as comunidades indígenas e suas realidades em 1965. Naquele ano, na Concha Acústica, ao receber edição do Festival Nacional de Folclore, os Tremembé de Almofala apresentaram sua tradicional dança do torém e obtiveram o primeiro lugar na competição. A partir dos anos de 1970, embora tímida e isoladamente, projetos de pesquisa e extensão da UFC passam a atuar nessas comunidades.

Mas é a partir dos anos 2000 que se dá o desenvolvimento de uma relação profícua da UFC com os indígenas do Ceará, no campo da produção da Educação Diferenciada, principalmente em relação à formação de professores indígenas em nível superior. Constituindo-se instituição pioneira no Nordeste e referência nacional ao implementar, em 2008, o primeiro curso superior na modalidade Licenciatura Intercultural, o Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS), e, em 2010, o Curso de Magistério Indígena Superior Intercultural dos Povos Pitaguary, Tapeba, Kanindé, Jenipapo-Kanindé e Anacé.

Fonte: Universidade Federal do Ceará