Brasília - Lorrane Paiva partcipa com seu bebê do mamaço” em plena estação de metrô de Samambaia, como forma de superação ao que ainda resta de preconceito contra um gesto natural. O ato também servirá de abertura para a campanha Incentive a Vida.( Elza Fiuza/Agência Brasil)

O recente caso do bebê que nasceu com anticorpos contra a Covid-19 trouxe esperança à população. O caso aconteceu em Tubarão (SC), após a mãe ter sido vacinada ainda grávida de 34 semanas, em fevereiro. Apesar dos estudos ainda não serem conclusivos sobre a eficácia da imunidade dos bebês que receberam os anticorpos ainda na barriga da mãe, pesquisadores afirmam existir um nível de proteção proveniente da vacinação materna.

Um estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology em janeiro deste ano, examinou 88 mulheres grávidas com teste positivo para o coronavírus. Nele os pesquisadores falam também sobre a possível necessidade de um nível de IgG (imunoglobulina G) na mãe para transferir uma quantidade suficiente de anticorpos para seu filho.

42% das mulheres estavam sintomáticas e 58%, assintomáticas. A pesquisa concluiu que os níveis de IgG foram significativamente maiores em mães sintomáticas do que em mães assintomáticas. Em 50 recém-nascidos avaliados, 78% (39 dos 50) apresentaram resultados sorológicos positivos através da análise do sangue do cordão umbilical. O estudo não conseguiu definir até que ponto os anticorpos derivados da mãe imunizam o recém-nascido e quanto tempo dura a proteção.

A Lohanna Tavares, membro do departamento científico de infectologia pediátrica da Sociedade Cearense de Pediatria (SOCEP), comentou o fato: “como já vemos em outras doenças que a mãe recebe vacina durante a gestação e passa proteção para o filho, como por exemplo Coqueluche, Influenza, Tétano, outras. Essa transferência imunológica para neonatos ocorre por meio da placenta e do leite materno, protegendo o bebê enquanto não atinge a idade para receber as vacinas.

A infectopediatra destacou que assim como em outras doenças, a imunidade passada da mãe para o filho tem duração temporária.

“Em algumas doenças os anticorpos podem persistir no bebê até os 18 meses, dependendo do paciente e da doença em questão. Isso também pode ser pensado para a Covid-19. Porém, mais estudos serão necessários para saber a eficácia da proteção para os bebês e o tempo de duração dessa proteção, incluindo o momento ideal para a vacinação da mãe”, afirmou.

Lohanna falou que este é um benefício claro da vacinação da gestante e da lactante: “propiciar a proteção destas mulheres contra a Covid-19, diminuindo, portanto, o risco de transmitir a infecção aos filhos destas mães vacinadas. Além disso, através da placenta e do leite materno, a passagem de anticorpos poderiam potencialmente proteger o bebê da Covid-19”.