O número de empresas com contas em atraso e registradas nos cadastros de devedores cresceu 3,30% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado. Essa foi a menor variação desde setembro de 2017, quando a alta bateu 2,62%. Na passagem de fevereiro para março de 2019, sem ajuste sazonal, a alta foi de 0,69%.
Os setores de serviços (5,74%) e comércio (1,55%) são os ramos com maiores devedores.
Os dados foram calculados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A região Nordeste registrou um aumento de 1,53% no índice de inadimplência, ficando à frente apenas da região Norte, que chega a 0,47%.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a inadimplência das empresas tem crescido de forma mais moderada do que no auge da crise e sinaliza um cenário de acomodação para os próximos meses de 2019.
Mesmo com a lenta retomada da confiança, os empresários seguem cautelosos para investir. Com isso, há menos custos e menos tomada de crédito, consequentemente, há menos endividamento. Além disso, o crescimento econômico segue em ritmo abaixo do que era esperado do início do ano, com o mercado de trabalho demorando para reagir e a capacidade ociosa das indústrias em níveis elevados.
Pellizzaro Junior
Dívidas de pessoas jurídicas caem pela primeira vez desde 2011
Os dados regionais mostram que o Sudeste lidera o crescimento da inadimplência entre as empresas. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o número de pessoas jurídicas negativadas na região cresceu 4,60%, a maior alta entre as regiões pesquisadas. Em seguida aparecem, na ordem, as regiões Sul, que registrou avanço de 3,29% na mesma base de comparação, Centro-Oeste (1,99%), Nordeste (1,53%) e Norte (0,47%).
Entre os segmentos devedores, destacam-se as altas apresentadas pelos ramos de serviços (5,74%) e comércio (1,55%), seguidos pelas empresas que atuam no setor das indústrias (0,93%). Entre os setores credores, ou seja, os que deixaram de receber valores de terceiros, o setor de serviços, que engloba bancos e financeiras, responde por 70%. Em seguida aparecem estabelecimentos comerciais (17%) e indústrias (12%).
Outro indicador também mensurado pelo SPC Brasil e pela CNDL é o de dívidas em atraso. Neste caso, houve a primeira retração desde janeiro de 2011, início da série histórica, com uma queda de -0,11% na comparação com março do ano passado. Na comparação mensal, na passagem de fevereiro para março, a variação foi positiva, de 0,44%, um resultado que denota estabilidade
Para os próximos meses, espera-se a atividade econômica ainda se mantenha pouco aquecida, o que deve manter o crescimento da inadimplência das empresas em patamares ainda discretos.
Pellizzaro Junior
Metodologia
O Indicador de Inadimplência das Empresas sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.
SPC Brasil – Há 60 anos no mercado, o SPC Brasil possui um dos mais completos bancos de dados da América Latina, com informações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. É a plataforma de inovação do Sistema CNDL para apoiar empresas em conhecimento e inteligência para crédito, identidade digital e soluções de negócios.
Oferece serviços que geram benefícios compartilhados para sociedade, ao auxiliar na tomada de decisão e fomentar o acesso ao crédito. É também referência em pesquisas, análises e indicadores que mapeiam o comportamento do mercado, de consumidores e empresários brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento da economia do país.
CNDL – Criada em 1960, a CNDL é formada por Federações de Câmaras de Dirigentes Lojistas nos estados (FCDLs), Câmaras de Dirigentes Lojistas nos municípios (CDLs), SPC Brasil e CDL Jovem, entidades que, em conjunto, compõem o Sistema CNDL.
É a principal rede representativa do varejo no país e tem como missão a defesa e o fortalecimento da livre iniciativa. Atua institucionalmente em nome de 500 mil empresas, que juntas representam mais de 5% do PIB brasileiro, geram 4,6 milhões de empregos e movimentam R$ 340 bilhões por ano.