A Serasa Experian lança o Indicador de Recuperação de Crédito, que exibe o percentual de dívidas pagas em após 60 dias à negativação. Junto aos demais materiais econômicos já divulgados pela companhia, agora é possível observar a jornada de crédito de maneira integral, com a procura pelo recurso financeiro, os números de negativação e a sua eventual recuperação. O indicador de abril de 2021, que traz informações sobre as dívidas que foram ressarcidas em até 60 dias a partir deste mês de referência, mostra recuperação de 56,4%, principalmente no segmento de Utilities (67,4%). Este é o maior percentual de dívidas quitadas (das que estavam em atraso e, por isto, negativadas) do setor no ano, chegando ao mesmo nível de setembro/19. Na sequência estão os Bancos e Cartões, com 62,6% de recuperações. Ao contrário de todo o ano de 2020, o setor financeiro, pelo menos neste indicador de abril/21, não foi o principal a reaver as contas negativadas, enquanto as Financeiras recuperaram 37,8% das dívidas.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, comenta que o fato dos percentuais de recuperação das dívidas estarem menores nestes últimos dois meses – março/21 (56,0%) e abri/21 (56,4%) – em comparação aos do início do ano, pode estar relacionado com a aceleração da inflação no período, o que acaba corroendo o poder de compra da população e, assim, ter dificultado a quitação das dívidas em atraso. Neste sentido, é importante que os credores proporcionem descontos e facilidades de pagamentos aos seus clientes em débito, a fim de conseguirem aumentar os seus percentuais de recuperação neste momento de inflação acima do previsto.

O novo indicador destaca ainda a idade das dívidas e revela um padrão, pois as mais recentes tendem a ser mais recuperadas, enquanto aquelas com mais tempo de existência têm o percentual de quitação mais baixo. Considerando compromissos que estavam vencidos há 30 dias, 74,3% foram recuperados; de 30 a 60 dias, 42,4%; de 60 a 90 dias; 31,0%; de 90 a 180 dias; 28,3% entre 180 dias e o primeiro ano e 16,3% entre um e mais anos. Rabi explica alguns motivos que podem explicar esse movimento. “O esquecimento é muito comum no caso de dívidas mais antigas. Muitas vezes quando a pessoa recebe a notificação de inadimplência, se lembra e realiza o pagamento. Além disso, há a também a questão das multas e encargos moratórios que vão encarecendo as dívidas vencidas com o passar do tempo. Por fim, a priorização das contas a pagar também é um fator já que, devido ao atual cenário econômico, os consumidores com dificuldades financeiras acabam escolhendo qual será paga e qual será postergada para o próximo mês”.

2020 teve o menor volume de recuperações dos últimos 3 anos
A pandemia de Covid-19 e os desafios econômicos impostos no período fizeram com que, na média de 2020, 57,2% dos registros de negativação fossem recuperados num horizonte de 60 dias após a comunicação do credor, o menor desde 2018. O indicador sinaliza ainda quais os valores que são quitados com mais facilidade: em 2020, aqueles acima de R$ 10 mil tiveram recuperação de 70,4%, enquanto o intervalo de R$ 1.000 a R$ 2.000 teve retorno de 53,4% das contas.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, comenta que “o aumento do desemprego e a redução da renda das pessoas fizeram com que muitos demorassem mais para pagar as contas atrasadas. Pelos dados, observamos que a maior parte priorizou o pagamento de dívidas mais caras, que costumam estar relacionadas a imóveis ou veículos. Elas geralmente têm o bem como garantia, ou seja, para não perder a aquisição os consumidores ficam inclinados a honrar o compromisso financeiro”.

Os dados de 2020 trazem ainda a visão dos canais mais eficazes para recuperar os compromissos financeiros que não foram honrados. O SMS se destaca, uma vez que 69,7% das contas negativadas e cobradas por este canal foram quitadas, à frente do e-mail (58,7%) e da carta (56,4%).

Metodologia
O Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian considera o número de dívidas incluídas no sistema de inadimplência em cada mês específico. A medida de até 60 dias para quitação dos compromissos financeiros deste indicador foi selecionada por refletir a régua comum utilizada pelas soluções de cobrança, mas esse tempo pode variar de acordo com cada credor. Além disso, a série histórica do índice ainda é curta, com dados retroativos desde 2017, dessa forma, não é possível afirmar períodos de sazonalidade, uma vez que seria necessário contar com no mínimo 05 anos de observação para fazer essa análise.
 

(*)com informação da A.I