A indústria da construção perdeu cerca de 93,6 mil pessoas ocupadas e fechou 564 empresas entre 2016 e 2017. No mesmo período, o valor gerado pelas incorporações, obras e/ou serviços caiu 9,6%, recuando para R$ 280 bilhões, em termos nominais. Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada nesta quarta-feira (29) pelo IBGE.

“O cenário de baixo crescimento, instabilidade econômica e incertezas institucionais tem desestimulado os investimentos, e o setor [de construção] perdeu dinamismo nos últimos anos”, analisa a gerente de Pesquisas Estruturais e Especiais do IBGE, Fernanda Vilhena.

De fato, nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o investimento, mensurado pela formação bruta de capital fixo, apresentou uma queda de 2,5%, sendo a construção o componente de maior peso.

Como exemplos na redução dos investimentos, Fernanda destaca os desembolsos em infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, apesar do ligeiro aumento nominal em 2017, tiveram fortes retrações em 2015 e 2016. Além disso, o crédito imobiliário também apresentou queda intensa entre 2016 e 2017, com redução no número de unidades financiadas.

Boa parte dessa retração se refletiu no segmento de infraestrutura, que perdeu participação no valor das incorporações, obras e/ou serviços ao longo dos últimos anos. Por outro lado, a construção de edifícios ganhou representatividade. De 2008 a 2017, a participação do segmento de infraestrutura caiu de 47,4% para 32,2%, enquanto a da construção de edifícios cresceu de 37,2% para 45,8%.