Você se deita, as horas passam, e o sono não vem. Ou, se aparece, é picotado, irregular, e de manhã bate aquela sensação de cansaço. São milhões de pessoas vivendo esse tormento, um duelo contra a insônia.

No primeiro episódio de “Ciência contra a insônia”, a rede britânica BBC convidou um grupo de voluntários para uma série de testes científicos, sem medicamentos, em uma universidade na Austrália. Os pesquisadores prometem tentar resolver as dificuldades para dormir com um tratamento pioneiro.

O estudo clínico combina uma abordagem personalizada, com médicos e especialistas de diferentes áreas e a mais avançada tecnologia disponível para monitorar o sono. Tudo sem remédios. 

“Nosso trabalho é de detetive. Juntos podemos propor mudanças e ver se os resultados estão trazendo um sono melhor”, ressaltou Sutapa Mukherjee, médica especialista em sono e coordenadora da pesquisa.

Diagnóstico

O diagnóstico é a primeira fase do teste clínico. Todos os participantes passam por um processo que dura uma semana e começa com uma conversa com o médico, especialista em sono.

Em média, os adultos precisam dormir de sete a nove horas por dia, mas nenhum dos participantes do estudo chega perto dessa quantidade. Eles sofrem de diferentes tipos de problema do sono. Alguns têm dificuldade para adormecer, enquanto outros acordam frequentemente durante o sono.

Há ainda quem sofra com apneia, uma condição perigosa causada pelo bloqueio da passagem de ar, com paradas respiratórias e engasgos que interrompem o sono. Combinadas, insônia e apneia podem trazer, a longo prazo, outros problemas graves de saúde como ansiedade, depressão, doenças cardíacas, diabetes, além de afetar o sistema imunológico.

Laboratório do sono

O laboratório do sono montado na Universidade da Austrália é equipado com todas as novidades na tecnologia de monitoramento. Os participantes recebem eletrodos da cabeça aos pés para registrar tudo que acontece enquanto eles dormem. Os dados coletados devem ajudar a identificar os problemas que será tratado durante as oito semanas de acompanhamento.

Depois da noite no laboratório, os participantes seguem em casa com um kit tecnológico, que contém uma esteira com sensor de pressão, anel e pulseira inteligentes para medir a duração e a qualidade do sono, batimentos cardíacos, níveis de oxigênio e o ronco. Os dados são enviados diretamente para os pesquisadores que acompanham tudo em tempo real.

Avaliação dos dados e orientação de tratamentos

Com o fim da coleta dos dados, a equipe multidisciplinar da universidade avalia cada caso para decidir o tratamento adequado para os 30 participantes do estudo. Cada um recebeu um plano personalizado, seja terapia de restrição de tempo na cama, mudança de posição durante o sono ou uso de aparelhos para apneia do sono.

Após o diagnóstico inicial, os 30 participantes devem colocar em prática todas as sugestões feitas pela equipe da universidade. As dificuldades enfrentadas por eles durante as oito semanas do estudo vão ser detalhadas no próximo episódio de “Ciência contra a insônia”.

Dicas

Para manter o ritmo circadiano, os especialistas sugerem manter alguns hábitos como receber luz solar pela manhã e fazer exercícios.

“Os exercícios ajudam na hora de dormir e na qualidade do sono. Então o que você faz durante o dia vai facilitar o sono à noite”, afirmou Sutapa.

Os especialistas em comportamento também sugerem tirar o telefone de perto da cama, evitar beber álcool, manter uma regularidade no horário de dormir e de acordar e evitar aqueles cochilos durante o dia. Outra dica é evitar comer três horas antes de ir para cama, principalmente carboidratos.

(*)com informação do Jornal O Globo