Em meio ao forte esforço para reduzir despesas e cumprir a meta fiscal, os investimentos do governo federal nos primeiros sete meses do ano somaram R$ 16,3 bilhões, quase R$ 10 bilhões a menos do que o mesmo período de 2016 e o menor valor desde 2008, quando começa a série disponibilizada à Folha pelo Tesouro Nacional, com dados corrigidos pela inflação.
Nesse grupo estão incluídas obras públicas e compra de novas instalações para órgãos do governo, além de material de uso permanente, como computadores.Os investimentos são os candidatos naturais a corte em tempos de ajuste, uma vez que mais de 90% das despesas públicas obedecem a regras de desembolso e não podem ser reduzidas sem mudar a legislação. Por outro lado, são um importante fator de estímulo à economia.
O problema é que cortar investimentos tem forte impacto na atividade, superior à redução de despesas com funcionalismo ou com subsídios, por exemplo.Em outras palavras, a cada R$ 1 gasto pelo governo com investimentos, o PIB aumenta R$ 1,60. Se há corte, o impacto é oposto.
Observando os investimentos no detalhe, é possível verificar que são as obras os principais alvos de corte.Levantamento do Tesouro mostra que os gastos com investimentos caíram 13% desde o fim de 2013, ano anterior ao do início da recessão. Mas as despesas com obras, conservação de estradas e Minha Casa, Minha Vida despencaram 40% no período.
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, as contratações do Minha Casa, Minha Vida caíram a menos da metade de 2013 a 2016. Em 2013, foram 940 mil unidades, ante 385 mil no fim de 2016.Com dificuldades de caixa, o governo já sinalizou que o PAC poderá ser reduzido ainda mais em 2018, caso não consiga cortar despesas obrigatórias com as reformas.