A delação foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio de 2016, mas novas informações foram repassadas e depoimentos foram dados para detalhar os assuntos tratados no material.
Alguns dos acordos dos representantes da JBS passaram a ser questionados pelo Ministério Público, que pediu o cancelamento dos benefícios concedidos. Até hoje, no entanto, o STF não decidiu sobre o caso. Dessa forma, os compromissos firmados continuam válidos.
Ao todo, mais de dez anexos entregues pelos executivos tratam do assunto. Pelo menos nove depoimentos foram dados sobre o tema e uma planilha de pagamentos também especifica o esquema. Uma foto de um dos delatados, o ex-ministro Neri Geller, eleito agora deputado federal pelo PP em Mato Grosso, também consta no material.
Sobre Geller, a PF disse que os delatores omitiram pagamentos. O inquérito, que está Minas Gerais, teve início por causa de uma delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. O delegado Mário Veloso, responsável pela apuração que resultou na prisão desta sexta, ouviu os delatores da JBS diversas vezes e não contestou versões, de acordo com os advogados da empresa.
No último contato, em setembro, o policial permitiu que os colaboradores se manifestassem por escrito em algumas dúvidas que restavam, ainda segundo a defesa. Em agosto, três executivos foram ouvidos conjuntamente.
Na delação, Joesley Batista contou que pagou pela regulamentação da exportação dos despojos, que são subprodutos do abate bovino não comestíveis no Brasil. A propina foi estabelecida em R$ 2 milhões e foi lançada em uma conta corrente, mantida por Funaro, para repasse ao ex-deputado Eduardo Cunha.
Houve pagamento de suborno de R$ 5 milhões para regulamentar normas sobre a aplicação de vermífugos, também pagos na conta mantida por Funaro, a Cunha. Em outro anexo da colaboração premiada, os executivos disseram ter repassado R$ 30 milhões para garantir a reeleição do emedebista para a presidência da Câmara dos Deputados.
O montante foi dividido em alguns pagamentos. Uma parte, de R$ 13,8 milhões, foi direcionada para a bancada do MDB de Minas, tendo sido João Magalhães (MDB), deputado estadual, e Antônio Andrade, atual vice-governador do estado, titular da Agricultura entre 2013 e 2014.
Outra fatia, de cerca de R$ 6 milhões, foi paga em notas fiscais frias, de serviços simulados de vários escritórios de advocacia. Segundo consta da delação, o apoio a Cunha se dava para que a empresa tivesse poder em conseguir levar pautas do interesse à Câmara.
No período do emedebista como presidente da Casa, os executivos discutir uma série de pedidos, normalmente em jantares na residência do político, que sugeria os melhores caminhos. Em um dos anexos da colaboração, Joesley conta que Antônio Andrade chegou a evitar uma briga física com Cunha.
Com informações Noticias ao Minuto