A população de baixa de renda está enfrentando um empobrecimento ainda maior diante dos atrativos das apostas online. Os repórteres Carlos Alberto e Sátiro Sales fazem um relato sobre os efeitos nocivos da jogatina no orçamento doméstico das famílias mais pobres.
Os números são preocupantes: uma análise do Banco Central sobre o mercado de jogos de azar e apostas online no Brasil mostram que, no mês de agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram, pelo menos, R$ 3 bilhões às casas de apostas virtuais. No Ceará, milhares das pessoas que recebem o auxílio do governo federal estão nesse contingente de apostadores online.
Esse volume de recursos representa, por exemplo, 25% dos R$ 14 bilhões destinados, a cada mês, para o pagamento do benefício aos mais de 20 milhões de famílias inscritas no CadÚnico. Ou seja, pelos cálculos do Banco Central, de cada R$ 5 pagos, por meio do Bolsa Família, R$ 1 foi gasto com os jogos online.
Entre os beneficiários do programa, 4 milhões são chefes de família, ou seja, aqueles que recebem diretamente a renda do governo. Esse grupo enviou, por PIX, 2 bilhões de reais para as bets somente no mês de agosto.
O Brasil tem, pelo menos, 24 milhões de pessoas físicas que participam de jogos de azar e apostas no país e, no mês de agosto de 2024, as plataformas e casas que exploram a jogatina movimentaram R$ 24 bilhões e 800 milhões. .
Desse volume de dinheiro, 15%, de acordo com o estudo do Banco Central, ficaram com as plataformas de apostas virtuais e o restante foi distribuído aos apostadores como prêmio. O estudo do Banco Central contemplou 56 bets.