A medida que o governo pretende liberar até 35% das contas ativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) causa mal estar no setor da construção civil, o mais atingido pela crise. Os recursos do FGTS são usados para financiar programas de habitação, como o Minha Casa Minha Vida, além de obras de saneamento e infraestrutura, com juros menores do que o mercado.

Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Ronaldo Cury, a liberação de recursos do FGTS para o trabalhador deve diminuir o total disponível para a construção e aumenta o déficit habitacional do País.

Não é que essa medida é ruim para o setor, mas para os brasileiros. A medida aquece o comércio momentaneamente e depois acaba. Mexe no consumo, maquia o PIB (Produto Interno Bruto), mas deixa de fora o setor que gera empregos e impostos, acrescentou.

Segundo o SindusCon de São Paulo, o déficit habitacional do Brasil é de 7,7 milhões e, das famílias sem casa, 97,5% têm uma renda inferior a cinco salários mínimos.

O trabalhador de baixa renda só consegue comprar uma casa se tiver ajuda: juro baixo e subsídio. Parte desse subsídio vem do lucro do FGTS, disse Curry.

O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), estima que o PIB da construção civil de 2019 fique estável neste ano. Já o PIB da indústria deve avançar 0,1%, o de serviços, 1,4% e o agropecuário, 1,2%. Esse resultado deve fazer com que o setor tenha, novamente, um dos piores resultados da economia.