Foto: José Leomar

Os transtornos provocados pelo loteamento na área da Praia da Sabiaguaba em Fortaleza geram tantos contratempos que o prefeito Roberto Cláudio (PDT) poderia abreviar o desgaste político e administrativo limpando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEUMA) de onde surgiu o aval para a comercialização de terras em uma área que, para os especialistas, deve ser preservada.

A polêmica está nas redes sociais e nos bastidores políticos e cria uma verdadeira saia justa para o Chefe do Executivo da Capital diante das ligações perigosas entre os empreendedores do loteamento e integrantes do Meio Ambiente da Prefeitura de Fortaleza que deram sinal verde ao projeto sem que todas as condicionantes – ambientais e políticas, principalmente – fossem observadas com mais parcimônia e zelo.

Ao sentir a repercussão negativa do aval preliminar para o loteamento, o prefeito Roberto Cláudio saiu com uma nota para dizer que a sua administração não aprovou, não aprova, nem aprovará loteamento em um terreno que invade a área de preservação ambiental da Sabiaguaba, onde tem rio, dunas e uma vegetação exclusiva naquele ambiente marítimo.

A nota de Roberto Cláudio era necessária, mas, para muitos, chegou tarde uma vez que o questionamento é único: como um projeto de tamanha repercussão ambiental passa pelo colo da Prefeitura sem o responsável maior pela administração o conhecesse na plenitude?

Roberto Cláudio não respondeu a esse questionamento que o faz ficar cercado, também, por outra dúvida: se ele (Roberto) disse desconhecer o empreendimento porque alguém como subordinado deixou o polêmico projeto avançar? Ou seja, será que alguém do andar de baixo iria abrir as portas para o loteamento caminhar sem que o andar de cima tivesse conhecimento? A pergunta exige mais clareza nas respostas do Município.

Há outro registro de gravidade no centro dessas discussões: o Ibama negou licença para o mesmo empreendimento imobiliário que passou, sem atropelos, pelos corredores do Paço Municipal. Como reação, um abaixo assinado circula na Internet com pedido de apoio para a preservação da área ambiental da Praia da Sabiaguaba.

Antes do abaixo assinado, o movimento pela preservação do meio ambiente nessa faixa litorânea da Capital foi deflagrado por instituições como o Instituto Verdeluz, Greenpeace Fortaleza, SOS Cocó e Fortaleza pelas Dunas, que têm representantes incrustados em partidos como o Psol. Longe de desqualificar a denúncia, o fato é que órgãos da prefeitura cimentaram o caminho para que essas entidades e seus ambientalistas explorem politicamente o tema que, por si, já é um catalisador natural dos fortalezenses. Em uma cidade com poucos espaços verdes e reservas naturais, é natural que as pessoas se engajem a qualquer iniciativa que possa comprometer a biodiversidade do que ainda existe.

A mobilização atraiu apoio de biólogos da capital, que lançaram, na quinta-feira, um documentário de repúdio à aprovação do projeto que autoriza a construção de um loteamento nas Dunas da Sabiaguaba. A aprovação foi feita durante a reunião do Conselho Gestor da Sabiaguaba, realizada um dia antes – quarta-feira (8), coordenada pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). As redes sociais estão recheadas de informações que exigem mais explicações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E a resposta do Município de Fortaleza precisa ser rápida e assertiva.