Em pouco menos de duas horas de depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ex-ministro Antonio Palocci de “calculista, frio e simulador”, e negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a empreiteira Odebrecht.

Lula prestou seu segundo depoimento a Moro nessa quarta-feira, uma semana depois que seu ex-ministro da Fazenda afirmou que o petista avalizou um “pacto de sangue” com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo da empreiteira no governo. O terreno ao instituto Lula estaria incluído nesse valor.

O ex-presidente disse que Palocci nem sequer era responsável por assuntos do Instituto, e afirmou que só se encontrava com o ex-ministro, depois de sua saída do governo, “de oito em oito meses”. Durante a audiência, o Ministério Público ainda apresentou uma pauta de reunião de Emílio Odebrecht, com Lula, que foi entregue à investigação.

No documento, o primeiro item da pauta é a “Passagem” do histórico de parceria – o que seria uma referência à troca de governo, de Lula para Dilma, e ao acerto ilícito feito com o intermédio de Palocci. Na mesma agenda, ainda são listados, debaixo do título “Com ele”, os itens: “Estádio Corinthians, Obras Sítio, 1a Palestra Angola e Instituto”. O petista disse que o documento é falso e “uma mentira”. Lula ainda fez críticas à atuação da Polícia Federal e do Ministério Público e disse ver com “desconfiança” determinadas operações.