Em dois anos de combate à Covid-19, 4.683 trabalhadores da linha de frente morreram em decorrência da doença no Brasil. Foram cerca de seis mortes de profissionais da saúde por dia ou uma morte a cada quase quatro horas. Aproximadamente 80% dos profissionais mortos eram mulheres e 70% trabalhavam como técnicos e auxiliares de enfermagem. O levantamento divulgado nessa quinta-feira, 13, foi encomendado pela Federação Sindical Internacional de Serviços Públicos e realizado pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data. Os dados revelam que as primeiras mortes causadas pelo coronavírus Sars-Cov-2 aconteceram em janeiro de 2020. Nos meses seguintes, enquanto os óbitos por outras causas se mantiveram em torno da média registrada em 2018 e 2019, os profissionais da saúde foram cada vez mais vitimados pela Covid-19.
Em maio, a doença chegou a constar como causa básica de 38,5% dos óbitos desse grupo profissional. Em 2021, os casos fatais da Covid-19 na linha de frente da saúde chegaram ao seu pico: as mortes registradas apenas entre março e junho superaram o total do ano anterior. Em março e abril, mais profissionais morreram pelo coronavírus do que por outras causas. Quase oito em cada dez profissionais da saúde que morreram pela Covid-19 eram mulheres. Entre os atestados de óbito com sexo informado, 78% eram do sexo feminino (3.554 mortes) e 22% do sexo masculino (999 óbitos). Ainda segundo a pesquisa, o impacto da doença foi maior nas ocupações com menores salários e mais próximas à linha de frente: 70% dos mortos trabalhavam como técnicos e auxiliares de enfermagem; em seguida vieram os enfermeiros (25%) e por último os médicos (5%).