Pré-candidata da Rede Sustentabilidade à Presidência da República, Marina Silva afirmou nessa quinta-feira, 5, em sabatina no portal “Metrópoles”, que o maior preconceito que enfrenta não é o fato de ser mulher, negra ou por ter origem humildade, mas sim por ser evangélica. Marina disse, no entanto, que sua fé religiosa não pautará suas decisões caso ela seja eleita, já que a Constituição garante o Estado laico.

Ela disse que ninguém vai impor religião por lei e que ser um parlamentar evangélico, católico ou judeu não significa que ele deva ser contra os direitos das pessoas. A presidenciável defendeu o respeito aos direitos LGBTs.

“Ao longo da minha vida, tive que enfrentar muitas dificuldades mas nunca percebi, desde que eu comecei a ocupar os espaços públicos, atitudes de preconceito contra a minha pessoa. Diria que, depois que me converti à fé cristã evangélica, é que esse preconceito às vezes é mais visível. Há uma tendência a generalizações”, reclamou.

Segundo ela, ninguém precisa abrir mão de suas convicções religiosas. “Quem vai governar, vai governar para todos. Agora, as pessoas têm o direito de expressar suas opiniões, sem preconceito e violência. Mas ninguém pode impor a quem crê ter que abrir mão das suas convicções”, completou.

Na entrevista, Marina disse que poderá herdar votos dos órfãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem sua “bênção”. Segundo Marina, o voto pertence ao eleitor e não a Lula ou a outros pré-candidatos, como Jair Bolsonaro (PSL).

A ex-ministra voltou a chamar a eleição de 2014 de “fraude” e acusou a ex-presidente cassada Dilma Rousseff e seu marqueteiro, João Santana, de terem inaugurado no Brasil as notícias falsas na eleição e de ter direcionado o “canhão” para “aniquilá-la” na disputa.

Sobre a sua dificuldade de fechar alianças com outros partidos, Marina disse que isso é um posicionamento político adotado por ela e nega a ideia de ter que pedir a “bênção” de Lula para crescer seu potencial de chegar ao segundo turno e vencer as eleição. Ela disse que desde 2010 se colocou como alternativa ao PT, PSDB, MDB e DEM e está trabalhando essa autonomia política desde que se desfiliou do PT, “por não concordar com as ações erradas que começaram com o Mensalão e depois foram para o Petrolão”.

“O voto não pertence a mim, ao Lula ou ao Bolsonaro, o voto é do cidadão. Vou lutar para convencer a população de que um novo alinhamento político precisa acontecer. Lutar para que os cidadãos compreendam que quem criou o problema não é quem vai resolver”, disse Marina.

Ao relembrar os ataques sofridos na campanha de 2014, quando disputou com a ex-correligionária Dilma Rousseff, Marina disse que aquela eleição foi uma “fraude”, mas não guarda mágoas dos ex-companheiros. Disse que foi vitima de mentira, da violência, do abuso do poder econômico e uso de caixa 2 da campanha de Dilma.

“Como diz a Bíblia, é preferível sofrer uma injustiça a praticar uma injustiça. Não guardo mágoas, mas confesso que fiquei surpreendida quando soube que os canhões no PT estavam voltados para me aniquilar. Jamais revidaria na mesma moeda, porque você pode se transformar naquilo que você combate”, disse Marina.

Com informações do Jornal O Globo