O médico ortopedista e professor do Curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henrique César, disse, nesta segunda-feira, em entrevista ao Jornal Alerta Geral, que a população mundial irá conviver por tempo indeterminado com o coronavírus, cobrou ações do poder público para se preparar e criar condições para atender os pacientes vítimas da Covid-19 que ficam com sequelas e destacou a necessidade de melhor gestão na rede pública para atender à demanda por cirurgias eletivas.
Henrique César, ao conversar com os jornalistas Luzenor de Oliveira e Beto Almeida, disse nesta edição do Jornal Alerta Geral (FM 104.3 e FM 107.5, na Grande Fortaleza) + 25 emissoras no Interior e pelas redes sociais do cearaagora) que a gestão da rede de saúde pública precisa estar preparada para uma alta demanda que deve surgir no próximo ano com as possíveis novas pessoas infectadas pela Covid-19, bem como pelo aumento da procura por consultas periódicas, as quais foram reprimidas neste ano devido a pandemia e ao foco intensivo nas vítimas da doença.
Perguntado sobre as preocupações que devem permear a vida dos cidadãos no próximo ano, o médico Henrique César é enfático ao dizer que deveremos vivenciar esta realidade por tempo indeterminado:
Esse é o grande termo, é aprender a conviver com o vírus que afeta humanos há muitíssimo tempo. O que aconteceu com essa nova cepa foi um aumento do número de indivíduos infectados, e o que nós vamos conviver é com a situação de vivenciar esse vírus anualmente, principalmente agora que nós vamos enfrentar em dezembro uma sazonalidade, então devemos ter aumento de virose de uma forma geral, e o coronavírus vai ser certamente mais uma dessas viroses (como dengue, Chikungunya, etc) que nós conseguiremos enfrentar ela da melhor forma possível.
Devido a pandemia, o número de consultas regulares foi reprimido e estima-se que, no próximo ano, sobretudo no primeiro trimestre, haja alta demanda para a rede de saúde. Sobre isso, o médico Henrique César diz que os mutirões são como “colocar sujeira pra debaixo do tapete” e que não resolvem o problema da alta demanda:
Você não está resolvendo problemas, você não está provendo assistência técnica adequada para esses pacientes…Na realidade, a gente tem um número que não sabemos ainda, a autoridade sanitária tem que vir a público para falar isso ai…. o número de pessoas que morreram ou morrerão, ou terão problemas por conta do Covid, pela não assistência dada a esses indivíduos durante esse foco exclusivo de assistência ao Covid, então são números que são, ao meu ver, tão problemáticos, tão assustadores quanto o número de mortos e mortalidade causada por essa doença.
Na entrevista ao Jornal Alerta Geral, o professor do curso de medicina da Universidade Federal do Ceará disse ainda que, a realidade da fila de pessoas no SUS que aguardam por cirurgia é preocupante em razão da insuficiência da capacidade instalada, isto é, poucos locais de funcionamento para realizar os procedimentos.
A maior preocupação é a capacidade instalada. Temos uma baixa capacidade instalada para uma grande demanda para os poucos locais de capacidade de funcionamento ou de realização desses procedimentos. É preciso uma política de estado para que se aumente efetivamente essa capacidade aqui no estado do Ceará, para que a gente possa entregar melhor assistência de saúde à nossa população.
Por fim, indagado sobre quando haverá a redução dessa fila de pessoas no SUS, Henrique afirma que a principal questão a ser buscada pela administração pública a fim de sanar este problema, é promover uma despolitização da gestão de saúde e administrar os recursos de forma técnica:
É uma pergunta de prova. Volto a questão da politização: a gente precisa criar um programa de estado para solução desses graves problemas de saúde, os recursos são finitos, então a gente precisa administrar da melhor forma possível e alocá-los da melhor situação possível onde é, tecnicamente, as pessoas são capazes de resolver essa situação.
ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
Você confere na íntegra a entrevista do médico Henrique César ao Jornal Alerta Geral, nesta segunda-feira, clicando no vídeo abaixo:
O Jornal Alerta Geral, que tem transmissão pelas redes sociais do cearaagora, pode ser acompanhado na Região Metropolitana de Fortaleza pelas Rádios FM 104.3 e FM 107.5 , no interior do Estado, por outras 24 emissoras.