A capacitação em Manejo Clínico das Arboviroses, realizada nesta segunda-feira (20), pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará e pelo Ministério da Saúde, no Auditório da Unichristus, em Fortaleza, reuniu cerca de 200 médicos da rede estadual de saúde pública e privada. “O enfrentamento das arboviroses tem algumas estratégias. Uma delas é capacitar o profissional médico que estará diante do paciente para que o manejo clínico ideal que está preconizado nas publicações do Ministério da Saúde seja seguido e que esse paciente saia desse episódio curado, para que não evolua para um caso grave ou para a morte”, explicou Daniele Queiroz, coordenadora de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa.
A capacitação foi ministrada pelo médico Rivaldo Venâncio, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e oferecida pelo Coordenação-Geral dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e das Doenças Transmitidas pelo Aedes Aegypti (CGPNCMD).
“São três doenças – dengue, zika e chikungunya – transmitidas por um mosquito muito conhecido nosso: o Aedes aegypti. Nós sabemos onde e como ele se prolifera. Ele vai se criar dentro de nossas casas ou nos nossos quintais ou nos terrenos baldios no nosso entorno. Estou chamando para a ação cidadã de cada um de nós moradores de cada cidade do país”, alertou Rivaldo Venâncio.
Alerta
Rivaldo Venâncio lembrou que desde 1986, à exceção do ano de 1998, todos os anos têm ocorrido epidemias de dengue em alguma região do país. “As epidemias de dengue, zika e chikungunya vão continuar a ocorrer no Brasil porque os problemas para o controle do vetor persistem”, afirmou. O palestrante ainda ressaltou que há vezes em que o próprio doente subestima a gravidade da doença e outras em que a gravidade do quadro clínico não é percebida pelos profissionais.
O médico ponderou que o desafio atual é identificar oportunamente os sinais de alarme da doença, que podem levar ao óbito. Entre esses sinais, Rivaldo Venâncio elencou dor abdominal, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, sangramento das mucosas, aumento do fígado, letargia e irritabilidade do paciente. “Dengue é uma doença matreira, porque hoje o paciente pode não estrar com esses sinais e amanhã estar”, alertou ele. Além da dengue, o médico também falou sobre o manejo de pacientes com zika e chikungunya.
Arboviroses
Arboviroses são as doenças causadas pelos arbovírus, que incluem o vírus da dengue, da febre chikungunya, da zika e da febre amarela. A classificação arbovírus engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, classificação de insetos e aracnídeos como mosquitos, carrapatos e aranhas. A cada ano, mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo são infectadas e mais de um milhão morrem por doenças transmitidas por mosquitos, moscas, carrapatos e outros vetores. São doenças que não passam diretamente de uma pessoa para outra, transmitidas geralmente por insetos, responsáveis pela veiculação biológica de parasitas e microrganismos ao homem e animais domésticos. No Brasil, inúmeras doenças são transmitidas por vetores, com destaque para dengue, malária, doença de Chagas e leishmaniose.
Insetos e outros artrópodes são vetores de agentes causadores de doenças para a espécie humana, como vermes, protozoários, bactérias e vírus. Um exemplo é o Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue, chikungunya e zika. Mudanças ambientais, aumento substantivo de viagens e do comércio internacional, mudanças nas práticas agrícolas e uma rápida urbanização não planejada estão causando aumento no número e na disseminação de muitos vetores em todo o mundo e tornando novos grupos de pessoas vulneráveis.
A atualização do Plano Estadual de Vigilância e Controle das Arboviroses 2017-2018, realizada pela Secretaria da Saúde do Estado, define responsabilidades dos níveis estadual, regional e municipal quanto às ações de vigilância epidemiológica, vigilância laboratorial e controle vetorial de dengue, zika e chikungunya. O plano vai nortear Coordenadorias Regionais de Saúde (Cres) e municípios na resposta à ocorrência das doenças transmitidas pelo mosquito. No ano passado, o Ceará conseguiu a redução de casos graves da dengue em 70% e queda de óbitos pela doença em 58,3% em relação a igual período de 2015.
Com informação da A.I