Febre alta, dor de cabeça muito intensa e rigidez da nuca. Esses são os principais sintomas da meningite, doença caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que revestem o cérebro. A doença, causada por vírus, fungos e diferentes tipos de bactérias, pode infectar pessoas de todas as idades.

Segundo a infectologista do Hospital São José (HSJ), Lisandra Damasceno, apesar de esses três sintomas serem os mais comuns em crianças acima de dois anos e adultos, outros sintomas também podem surgir, como vômitos, dores no corpo e manchas na pele. “Em crianças abaixo de dois anos, o choro fácil, a irritabilidade, a dificuldade de mamar, além de apatia e convulsões podem ser sinais importantes, assim como o abaulamento da popular ‘moleira’”.

O sinal mais característico dessa doença, a rigidez da nuca, ocorre por causa do inchaço e da inflamação das membranas que recobrem o cérebro. “A pessoa não consegue fazer essa flexão do pescoço, geralmente, por irritação das meninges. É uma consequência dessa inflamação”, explica.

A médica destaca que é importante buscar atendimento médico o quanto antes, especialmente se a dor de cabeça for muito intensa. “A população deve procurar uma unidade de saúde se tiver febre alta com dor de cabeça muito intensa e esse sintoma não cessar com o uso de analgésicos rotineiros. É um sinal de alerta importante”, ressalta.

Transmissão

De acordo com a infectologista, a meningite é transmitida por meio de gotículas das vias aéreas. “O contágio pode ocorrer por meio da fala, de espirros e da tosse, porque as bactérias e os vírus ficam suspensos no ar. Por isso, quem esteve próximo do paciente confirmado pode adquirir e vir a manifestar meningite”.

Entre os tipos da doença, os mais comuns são a bacteriana e a viral, apesar de também existir a forma fúngica. “A meningite meningocócica, causada por bactéria, é uma das mais perigosas e letais. Já as formas virais são mais frequentes em crianças”, diz.

Tratamento

As meningites, de uma forma geral, são curáveis, se detectadas precocemente. No entanto, podem deixar sequelas. “No caso da meningite causada por pneumococo [bactéria], pode haver sequelas, como déficit auditivo. As virais também podem causar déficit visual, além de atraso no desenvolvimento cognitivo”.

A infectologista também pontua que outras doenças infecciosas podem se disseminar pelo organismo e causar meningite. “Qualquer doença infecciosa pode levar a um comprometimento das meninges. A pneumonia pode se agravar e se disseminar. Sinusites e otites de repetição, assim como outras infecções das vias aéreas superiores, por estarem na região da cabeça e, dessa forma, próximas da região das meninges, também constituem fatores de risco”, alerta.

Vacinação

Para prevenir, uma das principais medidas ainda é a vacinação. “Existem vacinas que podem ajudar a proteger das meningites mais comuns. As formas bacterianas são preveníveis por meio da imunização. No calendário vacinal, é possível se prevenir contra a doença causada por pneumococo e meningococo”, informa a médica infectologista.

Se o caso for confirmado, existem medicamentos para quem teve contato com esse paciente. “Esses medicamentos fazem uma espécie de bloqueio para que as pessoas que conviveram com o infectado não venham a desenvolver a doença”, explica.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza, gratuitamente, cinco vacinas contra meningite: BCG, Pentavalente, Meningocócica C, Pneumocócica 10v e Meningocócica ACWY — esta última indicada para adolescentes de 11 a 14 anos de idade, conforme orientado pelo Ministério da Saúde.

Casos da doença

Segundo dados da coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção e Saúde (Covep) da Sesa, em 2024, até a semana epidemiológica 38 (até 21 de setembro), houve o registro de 255 casos confirmados e 23 óbitos. Em 2023, no mesmo período, foram registrados 330 casos e 28 óbitos por meningite.